Heródoto (Feb 2025)

O Culto e a destruição das estátuas antigas nas sociedades árabe-islâmicas contemporâneas

  • Jorge Elices Ocón

DOI
https://doi.org/10.34024/herodoto.2024.v9.20080
Journal volume & issue
Vol. 9, no. 1

Abstract

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Este trabalho analisa a recepção das estátuas antigas nas sociedades árabe-islâmicas considerando seis estudos de caso que evidenciam seu valor e vigência, da época medieval até os dias atuais: a construção de uma estátua faraônica, de Ramsés II, no Cairo, durante o governo de Nasser, e sua recente transferência, entre as massas, ao novo museu arqueológico; a descoberta de uma estátua de Dario, em 1972, em Susa e seu papel simbólico como peça de destaque do museu arqueológico de Teerã; a estátua moderna de Zenóbia e sua exibição em Damasco, no ano de 2015, no contexto da guerra civil na Síria; a construção de uma estátua dedicada a Kahina, em 2003, no território argelino de Baghai e seu incêndio, em 2016, resultante de conflitos políticos e religiosos entre comunidades (árabes e berberes) e países (Argélia e França); o vídeo de destruição do Museu Arqueológico de Mossul gravado pelos militantes do DAESH em 2015; a exibição inaugural do Abu Dabi Louvre Museum, em 2017, com uma destacada presença da estatuária clássica. A estátua desempenha um papel determinante na reafirmação identitária de certos coletivos ou regimes políticos, e seu significado se constrói tanto a partir de discursos historiográficos ancorados no suposto rechaço, por parte do Islã, às representações figuradas quanto pelo conjunto de respostas que a estatuária suscita. Venerada ou destruída, a estátua forma parte de uma onda iconoclasta atual e que ressoa sobre os debates globais sobre o patrimônio, as identidades, sua representatividade e a revisão da História.

Keywords