Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)
ASPECTOS CLÍNICOS, EPIDEMIOLÓGICOS E LABORATORIAIS DE PORTADORES DE TUBERCULOSE PULMONAR E EXTRAPULMONAR PROVENIENTES DE SERVIÇOS PÚBLICOS DO ESTADO DE PERNAMBUCO
Abstract
Introdução/objetivo: A tuberculose (TB) mantém-se como um grave problema de saúde pública, sendo a principal causa de morte por doença infecciosa antes da COVID-19. Em 2022, foram notificados 78.057 novos casos de TB no Brasil, destes, 5.149 de Pernambuco (PE), que ocupa 4° posição em maior incidência e 3° em mortalidade no país. O estudo pretende descrever os aspectos clínicos, epidemiológicos e laboratoriais de portadores de tuberculose pulmonar e extrapulmonar provenientes de serviços públicos do estado de PE. Metodologia: O estudo é realizado na FIOCRUZ-PE, em parceria com serviços públicos de Pernambuco. Os participantes do estudo são indivíduos de idades variadas, ambos os sexos, portadores de tuberculose, diagnosticados pelo médico assistente dos serviços de saúde. Dos participantes foram coletados dados clínico-epidemiológico-laboratoriais através de preenchimento de ficha clínica e TCLE, com esclarecimentos diagnósticos com o médico assistente. As informações foram armazenadas no programa IBM SPSS Statistics 20 para análise estatística. Resultados: Foram selecionados 205 participantes no período de 2016 a 2023, sendo a maioria: pardos (38%), do sexo masculino (70,2%), com faixa etária entre 18-29 anos (24,9%), moradores do Recife (53,7%). Grande parcela não declarou escolaridade (52,2%) ou renda (46,3%), dos que declararam, a maioria não terminou o ensino médio (25,4%), havendo ainda, uma parcela de analfabetos (6%), sobrevivendo com renda inferior a um salário mínimo (39,5%). Alguns tiveram contato com portadores de TB na família (31,7%), possuíam cicatriz da BCG (64,4%), e/ou alguma doença ou agravo (60%), como, tabagismo (17,6%) e PVHIV (15,6%). Uma parcela foi reinfectada pela doença (26,8%). Quanto ao diagnóstico: 74,1% tiveram TB pulmonar e 25,9 % extrapulmonar com maior parcela pleural (8,8%). Sobressaíram os sintomas de perda de peso (80,5%), a tosse (76,1%) e a febre (68,3%). Dos exames solicitados: 66,3% apresentou RX alterado com forma pneumônica (49,8%) e 27,3% com alteração na TC; encontrado BAAR em 54,1% das baciloscopias, havendo crescimento do M.tb em 42% das culturas, sendo detectado M.tb em 33,2% dos submetidos ao TRM-TB/RIF, com resistência em 1,4% dos casos. Observou-se que grande parte dos diagnosticados levou de 1 a 3 meses para fechamento diagnóstico da doença. Conclusão: Observa-se que o diagnóstico é realizado através da associação clínica-epidemiológica-laboratorial que pode ser complexo.