Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

PERFIL DOS HEMOGRAMAS POSITIVOS PARA DENGUE REALIZADOS NO LABORATÓRIO DE HEMATOLOGIA/DPC/HC/UNICAMP NO PERÍODO DE 12/01/2024 A 26/02/2024

  • GAF Maia,
  • JLR Cunha-Júnior,
  • A Erbetta,
  • E Costa,
  • JP Santos,
  • MNN Santos

Journal volume & issue
Vol. 46
pp. S171 – S172

Abstract

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Introdução: A infecção por Dengue é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti e constitui um grande problema de saúde pública, principalmente em regiões tropicais, onde o meio ambiente favorece sua proliferação e apresenta significativa morbidade. As epidemias de Dengue têm apresentado um problema recorrente no setor de saúde pública, caracterizado por surtos intermitentes de casos e uma extensão das regiões afetadas. As manifestações da Dengue são muito complexas, com quadro febril e de evolução benigna na sua forma clássica, mas agressiva na sua forma grave, sendo uma das mais importantes arboviroses que afeta o homem. Os achados laboratoriais no hemograma são importantes para a caracterização fisiopatológica da gravidade, através de valores crescentes do hematócrito com a hemoconcentração e diminuição das plaquetas nas manifestações hemorrágicas. Na Dengue Clássica, a leucopenia é achado usual (embora possa ocorrer leucocitose), pode estar presente linfocitose com reatividade linfocitária e a trombocitopenia é observada ocasionalmente. Na Dengue Grave a contagem de leucócitos é variável, podendo ocorrer desde a leucopenia até a leucocitose leve, e a linfocitose com reatividade linfocitária é um achado comum. Destacam-se a concentração de hematócrito e a trombocitopenia, com contagem de plaquetas abaixo de 100.000/mm3. Objetivos: Analisar o perfil de hemogramas realizados no período de 12/01/2024 a 26/02/2024 de casos positivos para Dengue. Métodos: Este estudo contou com amostras de sangue positivas para Dengue, coletadas no período de 12/01/2024 a 26/02/2024, enviadas para análise de rotina com o pedido de hemograma para o Laboratório de Hematologia do Hospital de Clínicas da UNICAMP (Campinas-SP). As amostras (n = 59) foram incluídas no estudo, independentemente da idade, que variou de 20 anos a 75 anos. As amostras foram processadas no analisador automatizado (Sysmex XN-9000). Para todas as amostras de sangue foram confeccionados os esfregaços, os quais foram avaliados por microscopia pelos profissionais do laboratório. As análises estatísticas utilizadas foram descritiva e correlação de Pearson. Resultados/Discussão: Das amostras analisadas, 39% (23) foram do sexo feminino e 61% (36) do sexo masculino. 1,69% (1 amostra) apresentou contagem de leucócitos acima de 10 × 103/mm3, 37,3% (22 amostras) apresentaram leucócitos abaixo de 4 × 103/mm3 e 61% (36 amostras) estavam dentro dos valores de referência. Plaquetopenia foi observada em 10,2% das amostras (6 amostras), que cursaram com presença expressiva de linfócitos reativos. Não houve correlação entre o número total de leucócitos e o número de plaquetas com um r = -0.0408. Quando comparamos número de plaquetas e presença de linfócitos reativos obtivemos uma correlação moderada negativa de r = -0.5008. 66,7% das amostras (4 amostras) com plaquetopenia também cursaram com leucopenia. Entre as amostras analisadas, 89,83% (53 amostras) apresentaram plaquetas acima de 100 x 103/mm3, sendo 33,97% (18 amostras) com leucopenia. Conclusão: O perfil dos resultados obtidos no Hemograma em pacientes positivos para Dengue são compatíveis com a dados da literatura. O agravamento desta arbovirose apresentou ao hemograma resultados de plaquetopenia, presença de linfócitos reativos e em alguns casos a leucopenia. Na Dengue clássica também obtivemos dados que corroboram com achados da literatura.