Revista Criação & Crítica (Apr 2019)
Quando um heterônimo se suicida
Abstract
A escrita de morte, chamada tanatografia, mostra-se operante na conjugação de elementos que fazem da literatura espaço prodigioso para discussão da condição humana desassossegada perante o morrer. Neste artigo, analisa-se a relação entre escrita e suicídio a partir da obra de um autor fictício erigido por Fernando Pessoa, conhecido como Barão de Teive. Acessamos desse heterônimo seu único manuscrito,A educação do estoico (1928), que lega lições autorais, sepulcrais e vitais formuladas no esteio da filosofia estoica em diálogo necessário com o socratismo. Relacionando o fenômeno heteronímico pessoano ao processo dialógico de construção de alteridades ensejado pelo teórico Mikhail Bakhtin, perscrutamos novos modos de observar o auto-aniquilamento de um autor-criado que cria prosa artística e filosófica no seio de seu fim.
Keywords