Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)
IMPACTO DO REGIME DE CONDICIONAMENTO PARA PORTADORES DE LINFOMA DE HODGKIN (LH) SUBMETIDOS A TRANSPLANTE DE CÉLULAS TRONCO HEMATOPOÉTICAS AUTÓLOGO (TCTH): ANÁLISE RETROSPECTIVA DE UMA INSTITUIÇÃO PRIVADA DO DISTRITO FEDERAL
Abstract
Introdução: A terapia de alta dose (HDT) seguida de TCTH é o tratamento padrão para LH recidivado ou refratário. Até recentemente, carmustina, etoposídeo, citarabina e melfalano (BEAM) era o regime de condicionamento mais comumente utilizado, dada sua eficácia e tolerabilidade aceitáveis. Apesar do sucesso com BEAM, a carmustina está associada a uma série de toxicidades agudas e tardias. Além disso, problemas recentes de fornecimento criaram uma necessidade urgente de regimes de condicionamento alternativos. Vários novos regimes de condicionamento que substituem a carmustina por outros agentes estão sob investigação, o que pode fornecer alternativas eficazes ao BEAM. Ao considerar novos agentes para substituir a carmustina, a lomustina pode uma alternativa, conforme demonstrado pelos resultados de vários estudos prévios. No estudo atual apresentamos uma análise retrospectiva da série histórica de uma instituição privada comparando BEAM vs. LEAM como condicionamento para LH. Objetivo: O objetivo foi avaliar toxicidades hematologicase não hematológicas entre os dois condicionamentos citados. Materiais e métodos: Realizou-se uma análise retrospectiva de 28 pacientes submetidos ao TCTH autólogo no período de 2000 a 2024 numa instituição privada do DF. As variáveis epidemiológicas, clínicas do LH, viabilidade celular das células CD34+, tipo de condicionamento, tempo de enxertia foram analisados. A análise estatística uni e multivariada foi realizada pelo programa PRISM®. O teste de Mann-Whitney-Wilcoxon foi usado para comparar 2 grupos distribuídos não normalmente. O teste de Fisher foi usado para comparar categorias. Resultados: A mediana de idade foi 28,3 anos (variando de 18 a 55 anos); sendo 60,3% de pacientes sexo masculino e 39,7% do sexo feminino. Quanto ao estadiamento clínico Ann Arbor ao diagnóstico: II = 14,2% (n = 4), III = 50% (n = 14), IV = 36,8%(n = 10), Quanto ao tipo de Condicionamento: LEAM = 64,2% (n = 18) e BEAM = 36,8% (n = 10); quanto ao número de terapias previas ao TCTH: 2 esquemas = 85,8% (n = 24) e 3 esquemas = 14,2% (n = 4), quanto ao esquema de resgate utilizado: ABVD = 100% (n = 28 pacientes), GDP = 64,2% (n = 18), IGEV = 7,14% (n = 2), DHAP = 21,42% (n = 6), ICE = 7,14% (n = 2); quanto a avaliação de resposta pré TCTH: DE = 10,8% (n = 3), RP = 39,2% (n = 11), RC = 50% (n = 14); quanto a terapia de manutenção pós TCTH: 64,2% (n = 18) (tal terapia só foi ofertada após 2019). Quanto ao tipo de mobilização: os pacientes do grupo BEAM (devido ao periodohistorico) foram mobilizados com ciclofosfamida + GCSF (n = 10) apresentando mediana de celulas CD34+ coletadas de 2,9 × 10.6/Kg (variando de 1,64 a 9,9) com mediana de 2 coletas de aferese (variando de 1 a 4) e viabilidade celular de 95%. O grupo do LEAM foram mobilizados com protocolo de plerixafor +GCSF (n = 18) com mediana de células CD34+ de 9,2 (variando de 3,7 a 85,2) com mediana de coletas de aferese de 1,5 (variando 1 a 3) e viabilidade celulas de 98%. Quanto análise em subgrupos do tipo de condicionamento com tempo de enxertia, grupo BEAM apresentou mediana de 16 dias (variando de 11 a 24 dias) e sobrevida em 100 dias de 100 % e LEAM com 11 dias (variando de 9 a 28 dias) com sobrevida em 100 dias de 95% (1 óbito por falha de enxertia) com p = 0,001. Conclusão: Neste estudo, apresentamos a análise comparativa retrospectiva de pacientes com LH R/R submetidos a ASCT com condicionamento BEAM/LEAM. Os dados apresentados analisam apenas o estado clínico e as variáveis celulares dos pacientes nos primeiros 100 dias após o transplante. Assim, estudos futuros devem ser realizados para comparar os três regimes de condicionamento além do dia +100 após o transplante.