Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2021)

NOVOS VALORES DE REFERÊNCIA PARA HEMOGRAMAS

  • TZ Ferreira,
  • IY Takihi,
  • PST Russo,
  • WH Prieto,
  • MLF Chauffaille

Journal volume & issue
Vol. 43
p. S428

Abstract

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O hemograma é exame que avalia as células sanguíneas, qualitativa e quantitativamente, sendo útil para diagnosticar ou controlar a evolução de uma doença. Em pacientes com suspeita de doença hematológica, o hemograma é praticamente uma extensão do exame físico, uma vez que fornece dados para fundamentar o diagnóstico na maioria das condições da especialidade. Sendo assim, é de extrema importância que o hemograma venha acompanhado de intervalos de referência atualizados para a idade e sexo do paciente. Os valores de referência sofrem modificações conforme haja mudanças nos hábitos de vida populacional. Daí a importância de revisão dos valores de referência. Materiais e métodos: Foram avaliados os dados de pacientes que realizaram o exame de hemograma completo entre abril de 2012 e abril de 2021 a fim de determinar intervalos de referência para os analitos: eritrócitos, hemoglobina, hematócrito, Vcm, Chcm, Rdw, leucócitos totais, neutrófilos absolutos, eosinófilos absolutos, basófilos absolutos, linfócitos absolutos, monócitos absolutos, plaquetas e volume plaquetário médio. Inicialmente, foram estabelecidos analitos considerados obrigatórios, isto é, aqueles que se não possuíssem resultados, causariam a exclusão do paciente do estudo: PCR, ferro, ferritina, creatinina, TSH, BHCG, morfologia SB e SVE, metamielócitos, mielócitos, promielócitos e blastos. Para os analitos morfologia se série branca (SB) e morfologia de série vermelha (SVE) foi exigido que o paciente apresentasse resultado “normal”; para os analitos metamielócitos, mielócitos, promielócitos e blastos, o resultado deveria obrigatoriamente ser vazio, e para o exame BHCG, o resultado deveria ser vazio ou “INDETECTÁVEL”. Os pacientes foram filtrados de acordo com estes critérios e foram selecionados apenas aqueles com idade igual ou maior a 18 anos e também foram removidas informações incompletas ou com caracteres inconsistentes, resultando em 95.949 pacientes (58.569 mulheres e 37.380 homens). Em seguida, os pacientes foram separados por sexo, e os “outliers”foram removidos, utilizando-se o método de Tukey. Finalmente, os valores de referência foram obtidos através de bootstrapping e calculando os quartis 2,5 e 97,5 dos valores de cada analito 10000 vezes, sendo o desvio padrão usado como intervalo de confiança. Resultados: Sexo Feminino: RBC: 3,83 -4,99; HBG: 11,7-14,9; HTC: 35,1-44,1; VCM: 83,1-96,8; CHCM: 32,0-35,0; HCM: 27,7-32,6; RDW: 11,8-14,2; WBC: 3.474-8.290; NEUT: 1.526-5.020; EOSINO: 20-340; BASO: 10-80; LINFO: 1.097-2.981; MONO: 220-645; PLAQ: 162.719-343.236; VPM: 9.20-12.50. Sexo masculino: RBC: 4.32-5.67; HBG: 13.3-16.9; HTC: 39.2-49.0; VCM: 81.7-95.2; CHCM: 32.4-35.9; HCM: 27.7-32.7; RDW: 11.8-14.1; WBC: 3.653-8.116; NEUT: 1.592-4.774; EOSINO: 33-419; BASO: 10-80; LINFO: 1.116-2.946; MONO: 260-730; PLAQ: 150.946-304.000; VPM: 9.12-12.22. Conclusão: Os resultados obtidos apresentam leve diferença quando comparados aos intervalos de referência utilizados pelo Grupo Fleury até o momento. Pela dinâmica populacional, com mudanças em hábitos de vida, era esperado tal diferença e os dados obtidos são reflexo da população que utiliza os serviços do grupo, demonstrando mais fielmente a situação de sua saúde atual.