Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)
ANÁLISE DO PERFIL DE DOADORES VOLUNTÁRIOS CADASTRADOS NO REGISTRO NACIONAL DE DOADORES DE MEDULA ÓSSEA NO PERÍODO DE 2019 A 2023
Abstract
Objetivo: O REDOME (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea) é um dos maiores registros de doadores de medula óssea do mundo, administrado pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA) no Brasil. Seu propósito é ajudar a encontrar doadores compatíveis para pacientes com doenças hematológicas que precisam de transplantes de medula. Conhecer o perfil dos doadores permite identificar necessidades de campanhas de conscientização e recrutamento constantes e mais eficazes. Dessa forma, o presente estudo tem como objetivo analisar o perfil de doadores voluntários de medula óssea cadastrados no REDOME no período de 2019 a 2023. Material e métodos: Trata-se de um estudo retrospectivo e quantitativo, baseado nos dados secundários oficiais, de domínio público, disponibilizados pelo INCA – REDOME, tendo a Fundação Hemopa como instituição âncora. O estudo focou em doadores voluntários de medula óssea cadastrados no REDOME, analisando o número de cadastros por Região e Unidade Federativa do Brasil, e comparando raça, idade e sexo dos indivíduos. A busca e seleção de dados utilizaram os termos “transplante de medula óssea”, “REDOME” e “unidade federativa”, e como critérios de inclusão os registros dos últimos 5 anos. Resultados: Até o final de 2023, os doadores cadastrados por região foram: Centro-oeste: 564.850, Nordeste: 1.070.301, Norte: 406.479, Sudeste: 2.538.348 e Sul: 1.179.550. No Centro-oeste, Goiás destaca-se com 43,91%. No Norte, Pará (31,39%) e Rondônia (30,30%). No Nordeste se sobressaíram, Ceará (21,53%) e Bahia (20,37%). No Sudeste, São Paulo concentrou 57,53%, tendo Rio de Janeiro com apenas 10,28%. E no Sul, Paraná registrou 48,74%. Em relação à raça dos doadores, 560.260 não informaram, 419.938 preta, 172.295 amarela, 1.507.298 parda, 3.091.648 branca e 22.158 indígena. Os doadores registrados por idade, destacam-se: 610 menores de 18 anos, 12.160 entre 18 e 19 anos, 193.486 de 20 a 24 anos, 499.661 de 25 a 29 anos, 823.170 de 30 a 34 anos, 1.054.409 de 35 a 39 anos, 952.926 de 40 a 44 anos, 725.091 de 45 a 49 anos, 566.478 de 50 a 54 anos, 459.471 de 55 a 59 anos, 77.211 com 60 anos e 408.924 acima de 60 anos. Em relação ao gênero, 271 não especificaram, 3.309.249 do sexo feminino e 2.464.078 do masculino. Discussão: O Sudeste tem o maior número de doadores registrados (2.538.348), sendo 42,47% do total nacional, com São Paulo contribuindo com 57,53%, indicando uma forte cultura de doação ou infraestrutura de registro mais eficiente. O Nordeste segue com 1.070.301 doadores, destacando Bahia (20,37%) e Ceará (21,53%). Essa distribuição desigual sugere variações regionais na conscientização ou no acesso aos sistemas de registro. Racialmente, a maioria dos doadores se identifica como branca (3.091.648), seguida por parda (1.507.298). A faixa etária mais comum é de 30 a 39 anos, mas o número de doadores geralmente diminui conforme a idade vai aumentando. Em termos de gênero, predominam as mulheres sobre doadores homens, refletindo possíveis tendências culturais ou sociais. Conclusão: Os dados revelam uma disparidade significativa no perfil e na distribuição de doadores por região, raça, idade e sexo. Essa informação pode vir a ser crucial para direcionar campanhas de conscientização e políticas públicas que visem aumentar o número de doadores, garantir uma maior representatividade e equidade em todo território nacional.