Brazilian Journal of Infectious Diseases (Jan 2022)

UMA DÉCADA DE SÍFILIS CONGÊNITA EM MATERNIDADE FILANTRÓPICA DE ARACAJU-SE

  • Bruno José Santos Lima,
  • Gabriel Dantas Lopes,
  • Izailza Matos Dantas Lopes,
  • Helga Machado de Farias Santos,
  • Mariana Alma Rocha de Andrade,
  • Matheus Todt Aragão,
  • João Victor Passos dos Santos,
  • Caroline Nascimento Menezes,
  • Gabrielle Barbosa Vasconcelos de Souza,
  • Angela Santos Lima,
  • Gabriela de Queiroz Fontes,
  • Eduarda Santana dos Santos,
  • Ana Carla Cunha Menezes,
  • Mateus Lenier Rezende,
  • Elisandra de Carvalho Nascimento,
  • Leonardo Santos Melo,
  • Catharina Garcia de Oliveira,
  • Horley Soares Britto Neto

Journal volume & issue
Vol. 26
p. 101906

Abstract

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Introdução: A sífilis congênita (SC) é um problema de saúde pública significativo, complicando cerca de um milhão de gestações por ano em todo o mundo. No Brasil, em 2018, foram notificados no Sinan 26.219 casos de SC, incidência de 9,7/1.000 nascidos vivos, e 241 óbitos pela doença, sendo que Sergipe foi o nono estado com maior incidência, com uma taxa de 9,7 casos/1.000 nascidos vivos. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal, retrospectivo, de caráter quantitativo e analítico que foi realizado em uma Maternidade Filantrópica de Aracaju/SE, no período de 2010 a 2019. Os dados foram coletados através dos prontuários de parturientes e recém-nascidos. No estudo foram incluídos os prontuários que apresentaram dados que sugerem o diagnóstico de SC, sendo excluídos aqueles que apresentaram dados insuficientes para o diagnóstico e/ou que não pertenciam ao período do estudo. Resultados: Foram analisados 1303 casos de SC no período de 2010 a 2019, em relação as progenitoras: média de 24,7 ± 6,2 anos, 49% habitavam na capital, sendo que 88,6% habitavam regiões urbanas, e 1,4% residiam em outro estado. A maioria eram multíparas, com uma média de 2,3 ± 1,5 filhos, e 24,2% já tiveram algum aborto. Além disso, 50,7% tinham menos de 8 anos de estudo e a média de consultas do pré-natal foi de 5,9 ± 2,8 consultas. Em relação ao tratamento, 78,8% realizaram o tratamento adequado e apenas 5,4% não trataram. Já os parceiros, 29,6% foram tratados de forma inadequada e 30,4% não receberam tratamento. Sobre os lactentes, 50,7% eram de meninos e 49,3% de meninas, média de peso de 3.162,7 ± 598,6 gramas, sendo que 81,7% nasceram com peso adequado e 11,3% com baixo peso ao nascer. Nos exames, 34% tiveram alteração em uma radiografia de ossos longos, 0,8% em uma fundoscopia e 3,9% no teste da orelhinha, porém 64,5% não realizaram ou levaram o resultado da fundoscopia e 53,9% do teste da orelhinha. No tratamento, 65,4% foram tratados com Penicilina Cristalina, 18,3% com Penicilina Procaína,13,9% com Benzetacil e 1,4% com Ceftriaxona, apenas 1 caso não tratou. Conclusão: A SC acomete principalmente mulheres multíparas, jovens e com baixa escolaridade, ocasionando uma maior incidência de baixo peso ao nascer e uma alta prevalência de alterações ósseas nos nascituros. Além disso, é perceptível a necessidade de conscientização da população, tendo em vista a baixa realização da triagem neonatal e a discrepância na adesão dos parceiros ao tratamento adequado.