Práticas da História (Nov 2024)
O acontecimento Vincennes e a sobrevida do Maio de 68 no pensamento pedagógico de Deleuze e de Rancière
Abstract
Propõe-se uma análise do Maio de 68 e da sua sobrevida nas reflexões pedagógicas de dois pensadores que lograram transformar os estímulos iniciais da crítica revolucionária numa potência criadora. Como os estudantes em revolta, Gilles Deleuze e Jacques Rancière questionaram o empobrecido e monolítico ensino universitário do seu tempo. Destacamos o seu ponto de passagem comum, o Centre Universitaire Expérimental de Vincennes (Paris VIII), instituição criada pelo governo no rescaldo da insurreição, e que ficou conhecida como uma “anti-Sorbonne”, onde se cultivava a pesquisa em pequenos grupos no quadro de uma inusitada interdisciplinaridade. Foi aí que Deleuze experimentou a sua mudança enquanto professor, desenvolvendo uma conceção musical de aula. Foi em Vincennes, enfim, que Rancière começou a trilhar o seu percurso de emancipação intelectual, culminando na noção radical de que o pensamento é um exercício que parte da igualdade para a diferença, não carecendo de quaisquer mediadores ou explicadores.