Perspectiva (Jan 2021)

Vidas escolares entrecruzadas por itinerários migratórios: cultura e identidade de nordestinos no triângulo mineiro

  • Sauloeber Tarsio de Souza,
  • Daiane de Lima Soares Silveira

DOI
https://doi.org/10.5007/2175-795X.2020.e66232
Journal volume & issue
Vol. 38, no. 4

Abstract

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O artigo resulta de pesquisa cujo enfoque foi a relação entre os processos migratórios de indivíduos originários dos estados da região Nordeste do Brasil e os impactos gerados em suas vidas escolares. Boa parte desses migrantes buscavam, especialmente, oportunidades de trabalho, quase sempre em troca de sua subsistência rumavam para os novos espaços de sociabilidade, levando consigo seus traços culturais e sua identidade que seriam confrontados aonde chegassem, como no Triângulo Mineiro, espaço de observação dessa pesquisa no período entre as décadas de 1950 e 2000. Tal recorte tem relação com os principais fluxos migratórios para essa região que era apresentada como o novo “Eldorado Brasileiro”, motivando esses fluxos que, inicialmente, eram gerados pela cultura de grãos e depois pela de cana-de-açúcar. Nos anos de 1950, os migrantes estabeleciam-se nas fazendas onde em muitos casos chegavam na condição de semiescravidão já que contraiam dívidas para o seu deslocamento. Um pouco a frente, esses trabalhadores rurais passariam a viver nas cidades, desenvolvendo novas relações nos bairros, igrejas, comércio, postos de saúde e escolas, superando resistências relativas ao seu pertencimento étnico-cultural, uma vez que, todos aqueles que carregavam o sotaque do Nordeste constituíam população marginalizada, especialmente, quando adentravam as escolas rurais ou citadinas, momento em que, em geral, ocorria a primeira interdição com a negação de seu sotaque nordestino. Assim, buscamos observar essas relações entre esses grupos no interior das escolas mineiras, para tanto, utilizamos, sobretudo, do recurso à fonte oral.

Keywords