Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2024)

EP-392 - NÃO PERCA TEMPO! INOVAÇÃO E POTENCIAL DE UMA FERRAMENTA DIGITAL PARA OTIMIZAÇÃO DO PROCESSO DE NOTIFICAÇÃO DE DENGUE

  • Natanael Sutikno Adiwardana,
  • Regia Damous Fontenele Feijo,
  • Miria Helena de Oliveira,
  • Thawana Vilasboas de Souza,
  • Juliana Monteiro Virolli,
  • Ana Carolina Puin da Silva

Journal volume & issue
Vol. 28
p. 104293

Abstract

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Introdução: Notificações compulsórias compõem parte relevante do sistema de vigilância e resposta precoce a possíveis surtos de doenças transmissíveis como a dengue. No entanto, em contextos epidêmicos, sua realização de forma manual ou semi-digitalizada não estruturada pode consumir tempo relevante dos notificadores, comprometendo as demais tarefas essenciais dos serviços de vigilância e controle de infecção hospitalares, incluindo a vigilância de outras doenças. Uma ferramenta de transposição de dados estruturada de forma digital, com baixo custo, poderia reduzir o tempo dispendido em notificações com dengue. Objetivo: Comparar o tempo dispendido para executar notificações de dengue via manual ou via uma ferramenta de transposição de dados estruturada. Método: Uma ferramenta de transposição ágil de dados de notificação de dengue foi criada a partir da integração entre uma planilha de Microsoft Excel® e Microsoft Word®, estruturando a ordem de inserção de dados essenciais conforme a ficha de Dengue do Sistema de Informação de Agravos de Notificação. Foi então realizado piloto e calculada a amostra estatística mínima (G-Power®) necessária para um Teste T de duas amostras independentes (Jamovi®) com alfa 0,01 comparando o tempo em segundos para execução de notificações via manual e via o novo sistema através de marcadores de início e fim bem definidos. A partir dos resultados obtidos, discutiu-se o potencial impacto operacional da estratégia. Resultados: Amostragem mínima para um poder (1- β) de 0,99 foi de 11 amostras em cada grupo. Optou-se por colher 30 amostras por grupo para melhor estimativa, a serem colhidas pelo time do Serviço de Controle de Infecções Hospitalares. Os resíduos da análise apresentaram distribuição normal (w = 0,979; p = 0,391) e homocedasticidade (F = 0,307; p = 0,582). O tempo médio de notificação manual (207s, IC 95% 194-220s) foi maior que via a nova ferramenta (132s, IC 95% 119-144s); t(58) = 8,41, p < 0,001, com alto tamanho de efeito (d de Cohen = 2,17). Num cenário de no mínimo dez notificações diárias em dias úteis, isso se traduziria numa diferença média de 75s × 10 notificações × 20 dias úteis = 15000 segundos (250 minutos) /notificador-mês. Conclusão: Uma ferramenta digital de rápida transposição de dados pode permitir a redução do tempo de execução de notificações de dengue, liberando tempo para outras atividades de vigilância e controle de infecção, com alto potencial de escalabilidade em cenários epidêmicos deste e outros agravos.