Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)

IMPACTO DA SUSPEITA DE DOENÇA PRIÔNICA NA REALIZAÇÃO DE PROCEDIMENTOS INVASIVOS, NO RISCO OCUPACIONAL E NO PROCESSAMENTO DE PRODUTOS PARA A SAÚDE EM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DO INTERIOR DE SÃO PAULO

  • Tiago Cristiano de Lima,
  • Eliane Molina Psaltikidis,
  • Renata Fagnani,
  • Amanda Tereza Ferreira,
  • Michele de Freitas Neves Silva,
  • Rodrigo Nogueira Angerami,
  • Luís Felipe Bachur,
  • Christian Cruz Höfling

Journal volume & issue
Vol. 27
p. 103380

Abstract

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Introdução/Objetivo: Durante a assistência aos pacientes suspeitos de Doenças Priônicas (DP) é frequente haver dúvidas sobre as recomendações adequadas para a realização de procedimentos invasivos, processamento de materiais e riscos ocupacionais. O objetivo do estudo foi identificar o perfil assistencial dos pacientes com suspeita de DP, notificados por hospital universitário terciário do interior de São Paulo. Métodos: Estudo descritivo. 1. Busca de todas as notificações de DP, no período de janeiro/2018 a maio/2023, realizadas pelo hospital. 2. Quantificados os casos notificados pelas demais instituições de saúde do município. 3. Revisão dos prontuários e fichas de notificação para caracterização dos pacientes e identificação do perfil assistencial. Resultados: Em 65 meses, foram notificados 21 casos de suspeita de DP no município, por 5 instituições de saúde. O hospital do estudo foi responsável por 15 destas notificações (71%). Destes 15 pacientes, 60% eram homens, idade média de 65 anos (46-78 anos) e maioria procedente de outras cidades da região (67%). O tempo médio de internação foi de 16 dias (1‒35 dias), somente 1 tinha internação prévia na instituição e 3 casos reinternaram. Foram poucos os procedimentos invasivos realizados: 3 pacientes (20%) estiveram em unidade de terapia intensiva; 4 (27%) necessitaram de ventilação mecânica; 2 tiveram inserção de cateter venoso central; 1 foi submetido a traqueostomia, porém realizada no hospital de origem; 1 caso realizou endoscopia digestiva alta e nenhum foi submetido a cirurgia. Todos tiveram coleta de líquor, 80% com análise da proteína 14-3-3 e, destes, somente um positivo. Durante a internação, 6 pacientes evoluíram a óbito e em 5 declarações de óbito constava DP. No entanto, apenas 1 caso foi submetido a necropsia, o único com encerramento da notificação como caso confirmado. Dos demais, 40% foram descartados por critérios laboratoriais e/ou clínico-epidemiológicos e 53% permaneceram como indefinidos. Não houve nenhuma notificação à medicina do trabalho sobre qualquer acidente ocupacional envolvendo material orgânico de paciente com suspeita de DP. Conclusão: O hospital concentrou o atendimento da maioria dos casos suspeitos de DP da região. Os pacientes foram submetidos a poucos procedimentos invasivos que demandassem processamento específico para inativação de príons ou riscos ocupacionais específicos. Somente um caso encerrou como confirmado para DP.

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