Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)
IMPLICAÇÕES CLÍNICAS CAUSADAS POR TRANSFUSÕES DE SANGUE COM DOADORES COM DEFICIÊNCIA DE GLICOSE-6-FOSFATO-DESIDROGENASE: UMA REVISÃO DE LITERATURA
Abstract
Introdução: Embora não configure uma contra indicação protocolada oficialmente por órgão de saúde de jurisdição nacional ou entidade de notória expertise em hematologia e hemoterapia, tampouco esteja elencada na triagem básica dos hemocentros brasileiros, a deficiência de Glicose-6-Fosfato-Desidrogenase (G6PD), quando abordada, implica em impeditivos para voluntários para doação de sangue no Brasil. De tal modo, ressalta o destaque de que esta deficiência afere a seus portadores maior possibilidade de desenvolvimento de anemia hemolítica decorrente de estresse oxidativo eritrocitário. Objetivo: Refletir, com base na literatura, quais implicações causadas por transfusões sanguíneas feitas a partir de doadores com deficiência de G6PD. Metodologia: Para cumprir os objetivos, fez-se uma revisão de literatura na base de dados PubMed/MedLine, na qual foram postos descritores e operadores booleanos no seguinte esquema de busca: “(((blood transfusion) AND (g6pd deficiency) AND (ffrft[Filter])) OR ((blood transfusion) AND (glucose 6 phosphate dehydrogenase) AND (ffrft[Filter]))) OR ((blood transfusion) AND (G6PD) AND (ffrft[Filter])) Filters: Free full text, in the last 5 years”. Encontram-se limitações de estudo, ao que se importa: não haver estudos em língua portuguesa, coleta exclusiva de uma base de dados, filtragem de materiais com textos completos gratuitos. Resultados: Resultaram 66 textos, dos quais selecionaram-se 05, após a leitura do resumo e/ou objetivos e metodologia, eleição feita pelos que traziam, em seu cerne, as repercussões da transfusão sanguínea feita por doadores com deficiência de G6PD. Dois estudos apontam que o sangue oriundo de portadores de deficiência de G6PD não possuem condições adequadas de armazenamento; outros dois inferem que pacientes receptores desse sangue possuem maior probabilidade de nova transfusão e/ou hemólise; um deles infere que a falta de padronização laboratorial para diagnóstico de deficiência de G6PD dificulta a uniformização de parâmetros. Discussão: Frente aos resultados obtidos, é valia a ponderação quanto a doadores de sangue com deficiência de G6PD, uma vez que os resultados obtidos in vivo mostraram maior probabilidade de insucesso transfusional. Porém, quanto aos estudos observados, cabe refletir que não houve relato de morte decorrente de complicações da transfusão; ademais pôde-se perceber que a interferência da deficiência de G6PD recai apenas sobre um dos hemocomponentes: o concentrado de hemácias. Por fim, a investigação precisa considerar que os estudos não retratam uma realidade nacional, com um perfil genético e padrões laboratoriais brasileiros, o que pode dispor divergências de respostas a pacientes transfundidos a partir de sangue com deficiência enzimática de G6PD. Conclusões: Ante ao transcurso do estudo, conclui-se que há necessidade de ensaios brasileiros que pesquisem as implicações clínicas da transfusão de sangue por portadores de deficiência de G6PD. Outrossim, indaga-se se há segurança sobre outros hemocomponentes, e o quanto o concentrado de hemácias de brasileiros deficientes de G6PD pode ser efetivo em transfusões emergenciais e eletivas, considerando, por exemplo, os níveis variáveis de abastecimento sanguíneo nos hemocentros.