Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

ENSAIOS DE TROMBOELASTOMETRIA ROTACIONAL E USO DE HEMOCOMPONENTES EM PACIENTES CRÍTICOS

  • KL Antonio,
  • AZ Leite,
  • DM Debona,
  • DC Oliveira,
  • FB Bher,
  • K Hinoro,
  • MM Tortelli,
  • PTR Almeida

Journal volume & issue
Vol. 46
p. S957

Abstract

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Objetivo: O presente estudo tem como objetivo avaliar o perfil transfusional de pacientes que realizaram exames de tromboelastometria rotacional. Materiais e métodos: Este é um estudo retrospectivo, descritivo, de centro único que avaliou pacientes internados no Hospital Nossa Senhora das Graças (Curitiba-PR) entre 2022 e 2024. Ensaios viscoelásticos foram realizados na plataforma ROTEM® delta (Werfen) em perfis pré estabelecidos de avaliação: basal (InTem, ExTem e FibTem), crítica (InTem, ExTem, FibTem e ApTem) ou heparina (InTem, ExTem, FibTem e HepTem). A formação, estabilização e dissolução do coágulo são acompanhadas de forma tempo-dependente a partir da alteração da reflectância da luz capturada pelo fotodetector do eixo rotativo ao ter seu movimento restringido. Resultados: Foram avaliados 124 exames de 51 pacientes. A maior parte deles (58,8%) eram perioperatórios de transplante hepático, 23,5% possuíam outras comorbidades de trato gastrointestinal, 9,8% eram pacientes oncológicos, 3,9% de casos da ginecologia e 3,9% apresentaram hemorragias que não se enquadram nas classificações anteriores. Com relação às modalidades de ensaio, foram realizadas 38 avaliações basais, 83 críticas e 3 de heparina. O perfil basal possui paralelos metodológicos aos exames de TAP, TTPa e fibrinogênio, com o diferencial de que o ensaio FibTem possui um inibidor plaquetário que permite a avaliação isolada do fibrinogênio. Na modalidade crítica é executado o exame ApTem, que possui fator tecidual e inibidor de fibrinólise. O HepTem possui heparinase e é capaz de identificar a presença do anticoagulante. O número de transfusões durante os atendimentos foi de 1043, ou seja, cerca de 20 unidades por paciente. O hemocomponente mais empregado foi o crioprecipitado, representando 36,3%. 25,5% são plaquetas randômicas, 18,5% concentrado de hemácias, 18,3% plasma fresco congelado e 1,3% são plaquetas aférese. Discussão: Pacientes críticos com distúrbios da hemostasia possuem fisiopatologia complexa e seu manejo é comumente associado ao emprego expressivo de hemocomponentes. De forma geral, a ciência baseada em evidências mostra que protocolos restritivos de transfusões, com alicerces no Patient Blood Management (PBM), estão associados a melhores desfechos. Para transplante hepático, transfusões aumentam significativamente a morbimortalidade, além de impactarem negativamente na pega do enxerto. Quando necessárias, é importante que as prescrições de hemocomponentes sejam decisões baseadas em dados clínicos e laboratoriais. Para a avaliação de coagulopatias complexas, exames tradicionais como o Tempo de Ativação do Protrombina e o Tempo de Tromboplastina Parcial Ativada apresentam limitações intrínsecas e maior tempo de processamento. A análise conjunta das curvas de tromboelastometria é capaz de fornecer informações relevantes sobre a cinética da coagulação, com destaque para o tempo de formação do coágulo, ângulo alfa e a máxima firmeza do coágulo. Conclusão: A tromboelastometria rotacional se apresenta como ferramenta capaz de realizar uma avaliação aprofundada e em tempo real da hemostasia, revelando os mecanismos por trás da coagulopatia. Essa técnica tem o potencial de antever eventos hemorrágicos e orientar de maneira mais precisa as decisões clínicas relacionadas à solicitação de transfusões de hemocomponentes e à administração de terapias medicamentosas, favorecendo desfechos positivos para diversos grupos de pacientes, com destaque para o transplante hepático.