Diacrítica (Dec 2019)
Processamento da morfologia flexional verbal do português brasileiro: um estudo com rastreamento ocular
Abstract
O processamento da morfologia flexional verbal tem sido alvo de um amplo debate em psicolinguística. Teorias de mecanismo dual (Pinker 1998; Ullmanet al.1997) sugerem modelos de processamento nos quais formas regulares são processadas via regra computacional, enquanto formas irregulares são recuperadas na memória. Em contrapartida, teorias de mecanismo unitário (Rumelhart & Mcclelland 1986; Stockall & Marantz 2006) afirmam que tanto formas regulares quanto irregulares podem ser processadas via mecanismo conexionista ou decomposicional. Grande parte das evidências acumuladas até o momento provém do passado simples em inglês (Pinker 1998; Rumelhart & Mcclelland 1986; Stockall & Marantz 2006; Ullmanet al. 1997). Ao contrário do inglês, o português possui um complexo sistema morfológico verbal. Em vista disso, um experimento psicolinguístico utilizando o método de leitura auto monitorada associada com registro de movimento ocular foi conduzido a fim de investigar se verbos regulares que pertencem a diferentes classes e tempos verbais são processados da por um mecanismo unitário ou dual. Participaram desse experimento cento e oito falantes nativos do português brasileiro. Os resultados sugerem que, no processamento das formas verbais flexionadas, propriedades como classe e tempo verbal, bem como elementos sintáticos que fazem parte da sentença na qual o verbo está inserido, desempenham um papel no processamento verbal.