Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

EXPOSIÇÃO À MEDULA ÓSSEA JAK2V617F LEVA À DISFUNÇÃO DE CÉLULAS NK NORMAIS

  • IA Lopes,
  • CAB Garcia,
  • M Medeiros,
  • AFO Costa,
  • LS Binelli,
  • JL Schivianato,
  • PS Scheucher,
  • PVB Palma,
  • CLA Silva,
  • LL Figueired-Pontes

Journal volume & issue
Vol. 45
pp. S183 – S184

Abstract

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Introdução: Demonstramos previamente um comprometimento funcional das células NK no modelo murino JAK2V617F e células do sangue periférico de pacientes com Neoplasias Mieloproliferativas (NMPs), destacando-se o aumento da frequência de células NK imaturas e redução da citotoxicidade da fração mais madura CD27−CD11b+. Não se sabe se as células iniciadoras das NMPs são intrinsecamente resistentes à imunidade tumoral ou se elas são capazes de modificar as células NK do microambiente leucêmico, tornando-as disfuncionais. Objetivo: Para esclarecer estes mecanismos, o presente trabalho se propôs a modelar a exposição leucêmica de células imunes normais e verificar suas modificações utilizando um modelo de transplante quimérfico de NMP Jak2V617F (Jak2VF). Métodos: Utilizamos um modelo de transplante murino com condicionamento não mieloablativo (irradiação subletal única de 400cGy) de modo a conservar em média 50% das células do receptor. Foram injetadas 5 x 106 células de medula óssea total de animais Jak2VF (CD45.2) ou controles Jak2WT (CD45.2), por via retrorbital, em animais selvagens de mesma linhagem (C57BL/6, CD45.1, N = 6 por grupo). A enxertia foi avaliada por citometria de fluxo de acordo com a proporção de células CD45.2/CD45.1+CD45.2. Após a confirmação da enxertia, as células NK expostas à leucemia ou à medula óssea normal foram avaliadas quanto à frequência, subtipos funcionais e receptores. Resultados: A frequência de células NK expostas às células Jak2VF se mostrou menor do que as células NK expostas às células Jak2WT (Jak2WT 44,05%, -24,29 ±2,856 vs Jak2VF 19,76%, -30,75 ±-17,83, p < 0,0001). Quanto aos subtipos funcionais, as frações imaturas secretórias (Jak2WT 44,32%, -13,62 ± 5,703 vs Jak2VF 30,70, -26,52 ±-0,7157, p = 0,0407) e secretórias (Jak2WT 36,12%, -10,52 ±3,029 vs Jak2VF 25,60%, -17,37 ±-3,664, p = 0,0070) apresentaram menor frequência e as células NK tolerantes (Jak2WT 12,43%, 11,91 ± 2,689 vs Jak2VF 24,34%, 5,828 ± 18,00, p = 0,0016) e citotóxicas (Jak2WT 7,15%, 12,14 ± 1,670 vs Jak2VF 19,30%, 8,365 ± 15,92, p < 0,0001) apresentaram maior frequência quando expostas à leucemia do que quando expostas à medula óssea normal. Além disso, foi observada diminuição da expressão do receptor de ativação CD226 (Jak2WT 51,20%, -23,00 ±4,493 vs Jak2VF 28,20%, -33,16 ±-12,84, p = 0,0006) e aumento do receptor de inibição TIGIT (Jak2WT 14,83%, 31,27 ± 5,400 vs Jak2VF 46,10%, 19,06 ±43,48, p = 0,0003) nesta mesma comparação. Conclusões: Nossos achados demonstraram que células NK expostas às células Jak2V617F apresentaram diminuição da frequência, redução de células imaturas e aumento de células citotóxicas que estão mais ativadas quando células NK são cultivadas com soro leucêmico. Ademais, houve alterações no perfil de expressão dos receptores e ligantes, no sentido de desfavorecer a ativação e promover inibição da função NK. Sendo assim, concluímos que a exposição à doença alterou o fenótipo e a maturação funcional das células NK corroborando com a hipótese de que o meio leucêmico é capaz de levar à disfunção NK e que estratégias voltadas ao controle da relação entre ligantes e receptores funcionais NK podem ser exploradas para restaurar a imunovigilância em Neoplasias Mieloproliferativas associadas à mutação JAK2V671F.