Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)
ÍNDICE DE ALOIMUNIZAÇÃO ERITROCITÁRIA EM PACIENTES ATENDIDOS PELAS AGÊNCIAS TRANSFUSIONAIS DO GRUPO GSH NÍVEL NACIONAL
Abstract
Objetivo: Analisar a incidência de aloimunização em pacientes internados nos hospitais das agências transfusionais do país atendidas pela Grupo GSH. Material e métodos: Estudo retrospectivo realizado através do levantamento de dados obtidos do sistema informatizado no período de janeiro de 2021 a dezembro de 2023, os quais foram agrupados e tratados em planilha do programa Microsoft Excel. Os dados coletados incluíam sexo, idade e resultados de anticorpos eritrocitários detectados. Resultados: No período do estudo, foram registrados 62 casos de reações transfusionais classificadas como aloimunização, envolvendo a identificação de 86 anticorpos, dentre os quais pode-se observar a ocorrência da identificação em 23 casos (26,7%) do anticorpo anti-E e 14 casos (16,8%) identificados anti-Kell, seguidos de anti-Jka com 11 casos (12,8%), anti-c e anti-D com 7 casos cada ( 8,1%), anti-C 6 casos (7%), anti-M 5 casos (5,8%) e os demais anticorpos identificados que apresentaram baixa expressividade, que somados representam 13 casos (15,1%), sendo identificados: anti-Ch, anti-Dia, anti-Fya, anti-Jkb, anti-Lea, anti-Lua, anti-s, anticorpo frio. Quanto ao sexo dos receptores, 33 casos (53,2%) eram de receptores do sexo feminino e 29 casos do sexo masculino (46,8%). Quanto a idade, na distribuição por faixa etária observou-se 21 pacientes entre 61-75 anos (34%), 20 pacientes entre 46-60 anos (32,2%), 15 pacientes acima dos 75 anos (24,2%), 3 pacientes entre 16-30 anos (5%), 2 pacientes entre 0-15 anos (3,2%) e 1 paciente entre 31-45 anos (1,4%). Discussão: Ao analisar os dados, observou-se que a maior prevalência dos anticorpos identificados com 26,7% foi de anticorpos anti-E, 16,8% anti-K e 12,8% anti-Jka, os demais anticorpos identificados apresentaram baixa incidência variando de 1 e 7 casos, ficando entre 1,1% e 8,1%. A relação com o sexo dos receptores que aloimunizaram, após serem submetidos às transfusões tem-se a prevalência no sexo feminino (53,2%). As idades dos receptores variaram de 5 anos a 99 anos, com maior incidência na faixa etária de 61 a 75 anos, resultados estes que são correlacionadas as condições clínicas e laboratoriais dos receptores, que consequentemente acarretaram um maior número de transfusões com exposição maior a diferentes doadores. Conclusão: A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que o fornecimento de sangue seguro e adequado seja parte da política e infraestrutura de saúde de todos os países. Atualmente a transfusão de sangue é um recurso que salva vidas e melhora a saúde de quem se beneficia em diversas circunstâncias, porém pode resultar no desenvolvimento de aloanticorpos. Essa aloimunização predispõe o paciente ao risco de reações transfusionais hemolíticas tardias. Os anticorpos mais encontrados na aloimunização são dirigidos contra antígenos dos sistemas Rh e Kell, por serem estes considerados os mais imunogênicos. A identificação dos fenótipos eritrocitários dos grupos sanguíneos em pacientes e doadores de sangue, possibilita a classificação da frequência dos genes mais imunogênicos de cada sistema, sendo essencial para diminuir o risco de aloimunização, havendo a possiblidade do sangue compatível tornar a transfusão mais segura.