Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

ANÁLISE DAS TRANSFUSÕES DE CONCENTRADO DE HEMÁCIAS EM UMA SÉRIE TEMPORAL DE 2012 A 2022 NO BRASIL

  • JVFA Cordeiro,
  • ICR Diogo,
  • AA Majima,
  • JM Ganem,
  • PGLB Borges,
  • ALM Brito,
  • JPR Oliveira,
  • MEDDSPE Silva,
  • JPMRJ Silva,
  • LFA Cordeiro

Journal volume & issue
Vol. 45
pp. S781 – S782

Abstract

Read online

Introdução/objetivos: A transfusão do concentrado de hemácias tem indicações clínicas específicas, de maneira geral, trata ou previne uma perfusão tecidual inadequada por dificuldade de liberação de oxigênio. Dessa maneira, devido a importância do estudo da distribuição epidemiológica do procedimento pelo país, tendo em vista o esgotamento dos bancos de sangue por grandes centros do Brasil, o trabalho busca analisar os registros de transferências de concentrados de hemácias segundo caráter de atendimento, entre 2012 e 2022, no Brasil. Materiais e métodos: Estudo descritivo de série temporal de 2008 a 2022 com dados agregados com base no Sistema de Informação Ambulatorial do SUS (SIA/SUS), do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Foram observados os procedimentos de transfusão de concentrado de hemácias registrados, entre 2012 e 2022, no Brasil. Tal procedimento foi analisado segundo ano de atendimento, regiões brasileiras e caráter de atendimento (urgência e eletiva). Calculou-se a taxa de procedimento por habitante pela razão entre o número dessas transfusões e o quantitativo de habitantes de acordo com a projeção anual do IBGE. O resultado foi multiplicado por 10.000, a fim de se obter a proporção para cada 10.000 habitantes. Utilizou-se estatística descritiva por meio de distribuição de frequência e porcentagem no software Excel. Resultados: Entre 2012 e 2022, ocorreram 3.270.913 de transfusões de concentrado de hemácias no Brasil, dos quais 2.258.062 (69%) foram em caráter eletivo e 982.811 (30%), urgência. A evolução temporal das taxas de hemotransfusões por 10.000 habitantes, no Brasil, foi 13,79, em 2012; 14,46, em 2013; 14,47, em 2014; 13,13, em 2015; 13,58, em 2016; 14,09, em 2017; 14,62, em 2018; 14,64, em 2019; 13,92, em 2020; 14,86, em 2021; e 14,66, em 2022. De acordo com as regiões brasileiras, tais taxas foram 10,24, em 2012, e 15,52, em 2019, no Norte (aumento de 52%); 9,23, em 2012, e 10,02, em 2019, no Nordeste (aumento de 7%); 15,73, em 2012, e 16,00, em 2019, no Sudeste (aumento de 2%); 13,74, em 2012, e 14,71, em 2019, no Sul (aumento de 7%); e 23,47, em 2012, e 22,54, em 2019, no Centro-Oeste (redução de 4%). Entre 2019 e 2022, as taxas de hemotransfusões foram, respectivamente, 15,52 e 14,44, no Norte (redução de 7%); 10,02 e 9,96, no Nordeste (redução de 1%); 16,00 e 16,63, no Sudeste (aumento de 4%); 14,71 e 13,76, no Sul (redução de 6%); e, por fim, 22,54 e 22,37, no Centro-Oeste (redução de 1%). Discussão: A COVID-19 alterou o perfil de pacientes sob vigilância clínica, já que a fisiopatologia da doença desencadeia maior necessidade de consumo de hemocomponentes. Desse modo, possivelmente, as hemotransfusões, durante a pandemia, foram maiores nas internações, impactando com a redução nos locais ambulatoriais como observado no presente estudo. Conclusão: No Brasil, entre 2012 e 2022, a maioria das hemotransfusões foi eletiva. Ao considerar as transfusões eletivas e de urgência, no país, houve aumento de 2012 a 2019 e de 2019 a 2022. Observou-se aumento da taxa de hemotransfusões em todas as regiões brasileiras, entre 2012 e 2019, com exceção do Centro-Oeste. Entretanto, entre 2019 e 2022, as regiões apresentaram redução dessa taxa, com exceção do Sudeste.