Brazilian Journal of Infectious Diseases (Sep 2022)
INFECÇÃO POR AEROMONAS HYDROPHYLA- RELATO DE CASO E REVISÃO DA LITERATURA
Abstract
Introdução: O direcionamento de critérios epidemiológicos e fatores de risco do paciente com infecção de pele/choque séptico pode ser um fator decisivo na avaliação do infectologista Objetivo: Relatar caso de paciente de 75 anos, masculino, com choque séptico/bacteremia e celulite de difícil tratamento por Aeromonas hydrophyla. Método: Descrição do caso: Internado após 6 dias de ferimento corto contuso em antebraço direito ocorrido na praia. Apesar do tratamento inicial com ceftriaxona e clindamicina, evoluiu com broncoespasmo, choque séptico e insuficiência renal com necessidade de diálise. Ampliado tratamento para cefepima e vancomicina. Hemoculturas evidenciaram Aeromonas hydrophila, sensível a cefepima, ciprofloxacina e sulfametoxazol-trimetoprim. Foi suspensa vancomicina e mantida cefepima por 13 dias e ciprofloxacina para completar tratamento. É imunossuprimido por artrite reumatoide (em uso de metotrexate, prednisona, hidroxicloroquina e etanercept), além de DPOC (ex tabagista). Resultados: Aeromonas Hydrophyla é bactéria gram negativa presente no solo e em ambientes de água doce/salgada, alimentos (peixes, frutos do mar e carnes vermelhas), podendo ser transmitida também através de feridas abertas. Pode causar gastroenterite, meningite, sepse, infecções de partes moles graves e morte através da liberação de enterotoxinas citotóxicas capazes de causar hemólise, vasta destruição dos tecidos após penetração cutânea. Não há estatísticas no Brasil de sua frequência, sendo supostamente subdiagnosticada e subnotificada. Está incluída na lista de contaminantes importantes para a Saúde Pública por ser patógeno emergente e devido seu potencial de crescimento nos sistemas de distribuição de água, podendo ser resistente à cloração. A gastroenterite por este agente pode ocorrer em qualquer pessoa, mas em imunossuprimidos ou em sepse são suscetíveis à infecções mais graves. O diagnóstico se dá por meio de cultura de fezes ou sangue e o tratamento envolve antibióticos e hidratação. A notificação de surtos deve ser feita à vigilância epidemiológica municipal, regional ou central para investigação das fontes comuns e o controle da transmissão através de medidas preventivas. Conclusão: Em pacientes imunossuprimidos a avaliação de agentes incomuns relacionando à epidemiologia é fundamental para o sucesso do tratamento, assim como coleta de culturas antes de iniciar a antibioticoterapia.