Cadernos de Saúde Pública (Jan 2000)

Um enfoque epidemiológico da promoção da saúde: as idéias de Geoffrey Rose An epidemiological approach to health promotion: the ideas of Geoffrey Rose

  • Dóra Chor,
  • Eduardo Faerstein

DOI
https://doi.org/10.1590/S0102-311X2000000100025
Journal volume & issue
Vol. 16, no. 1
pp. 241 – 244

Abstract

Read online

Neste artigo, apresentamos princípios sistematizados por Geoffrey Rose, raramente explicitados no debate contemporâneo sobre promoção da saúde. São enfatizadas as seguintes noções: muitos parâmetros biológicos apresentam-se ao longo de um continuum e não seguem as dicotomias expostos/não expostos ou doentes/não doentes; a relação entre determinadas exposições e seus efeitos ocorre linearmente, ao longo de toda a gama dos valores da exposição; portanto, muitos indivíduos expostos a um risco baixo podem gerar um número maior de casos do que poucos indivíduos expostos a um risco alto de adoecer. Além disso, há forte relação entre os comportamentos populacionais médios e os desviantes, como resultado da dinâmica entre forças biológicas e sociais, que favorecem ou limitam a diversidade de características individuais. Assim, o risco de alguns agravos, em populações concretas, torna-se alto ou baixo em virtude do deslocamento em bloco da distribuição populacional, e não em função do número de indivíduos na faixa de alto risco. Em conjunto, esses conceitos favorecem estratégias voltadas para o conjunto da população, em vez das que apenas visam indivíduos considerados de alto risco.In this paper, we discuss some of the ideas developed by Geoffrey Rose, which are seldom explicitly expressed in the contemporary debate on health promotion. The following notions are emphasized: many health exposures and outcomes are expressed in a continuum, and do not follow the dichotomy exposed/non-exposed or diseased/ non-diseased; there is a linear relationship between certain exposures and their effects along the range of exposure levels; thus, many individuals exposed to low risk may generate more cases of a disease than few individuals exposed to high risk. In addition, there is a strong relationship between average behaviors and the occurrence of deviance, as a result of the balance between biological and social forces favoring diversity or uniformity. Thus, risk differences between defined populations involve differences in the population distributions as a whole, rather than in the proportion of individuals with high risk. Overall, these concepts favor emphasis on strategies aiming the general population, and not only the individuals considered to be at high risk of disease.

Keywords