Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)
APLICAÇÃO DE UM PROTOCOLO ALTERNATIVO PARA DESERITROCITAÇÃO DE MEDULA OSSEA COM O USO DE HIDROXIETILAMIDO 130/0,4 A 6%
Abstract
Objetivos: Utilizar o Hidroxietilamido (HES) 130/0,4‒6% como metodologia alternativa para deseritrocitação de medula óssea (CPH-MO) na ausência comercial do HES 450/0,7‒6% para obtenção de altas taxas de recuperação celular. Material e métodos: Realizou-se a deseritrocitação em CPH-MO com incompatibilidade ABO maior, utilizando protocolo validado com HES 130/0,4‒6%. O processamento ocorreu em três etapas em cabine de segurança biológica. Na primeira, o reagente foi adicionado na proporção de 1:8 e o produto fracionado em seis bolsas, que permaneceram em decantação por 180 minutos. Sem resultado visualmente satisfatório, as bolsas foram centrifugadas por 15 minutos, 1500 rpm e 10°C. As hemácias foram lentamente retiradas em sistema fechado com conexão estéril, e o produto contendo buffy coat foi acondicionado em outras duas bolsas. Em seguida, foi executado o procedimento de desplamatização, visando a redução do sobrenadante. Por fim, as bolsas de backup de hemácias também foram retratadas para garantir a melhor recuperação das células. Ao início e final de cada etapa foi realizada a dosagem laboratorial em metodologia de contagem automatizada. Resultados: O produto inicial apresentou volume de 1.901 mL, 553 mL de hemácias e 5×108 de Células Nucleadas Totais por quilograma do paciente (CNT/Kg). Após todas as etapas realizadas com a CPH-MO e com o back up de hemácias retratado, o produto final totalizou 1.676 mL de volume, 3,8×108 CNT/Kg e 87 mL de hemácias, dividido em quatro bolsas a serem infundidas separadamente. A taxa de recuperação de CNT total foi de 76%. Discussão: Nos transplantes com incompatibilidade ABO maior é necessária a realização da deseritrocitação, para remoção dos eritrócitos do produto coletado (chegando ao limite de 0,5 mL/kg de peso do receptor), principalmente nos casos em que se sabe que o receptor possui níveis elevados de anticorpos contra antígenos eritrocitários e que, por isso, apresenta grande risco de reações hemolíticas no momento da infusão ou pós transplante. O procedimento relatado neste trabalho ocorreu em dois dias consecutivos o que não se mostrou uma vantagem, uma vez que o tempo pode afetar a viabilidade celular, expondo o paciente ao risco de um transplante malsucedido. O protocolo utilizado foi previamente validado com o uso de bolsas de sangria terapêutica, e havia se mostrado efetivo neste tipo de material biológico. Sendo a Medula Óssea um produto crítico e de uso único, não seria possível seu emprego indiscriminado para quaisquer outras finalidades que não fossem para fins de infusão. Também foi possível observar que o volume total e de eritrócitos ficou relativamente alto. Ademais, não houve uma variação significativa em relação a perda de células durante o processamento, de forma que apesar do tempo do procedimento, houve recuperação celular satisfatória. Conclusão: O HES 130/0,4‒6% mostrou-se inviável para deseritrocitação de CPH-MO com alto volume, devido ao longo tempo de processamento. Para aperfeiçoar a técnica, sugerimos realizar estudos com produtos de menor volume.