Revista Brasileira de Enfermagem (Feb 2013)

Corpos estranhos, mas não esquecidos: representações de mulheres e homens sobre seus corpos feridos

  • Evanilda Souza de Santana Carvalho,
  • Mirian Santos Paiva,
  • Elena Casado Aparício

DOI
https://doi.org/10.1590/S0034-71672013000100014
Journal volume & issue
Vol. 66, no. 1
pp. 90 – 96

Abstract

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Estudo qualitativo, cujo objetivo foi apreender e analisar as representações sobre o corpo ferido, e em que foram colhidos, através da entrevista em profundidade, depoimentos de dezoito adultos, feridos crônicos, usuários de ambulatório de cuidado a pessoas com feridas de um hospital público na cidade de Salvador-BA. A partir da Análise de Conteúdo Temática, emergiram as seguintes categorias relativas ao corpo ferido: é um estranho que promove sofrimento; é constantemente vigiado; é rejeitado; é prisioneiro; está vulnerável à violência; exige cuidado especial e, é um corpo em luto. Essas representações firmam-se em imagens negativas e de sofrimento, e evidenciam que o corpo ferido, muito diferente do corpo idealizado, promove sentimentos contraditórios e autodepreciativos. Os resultados revelaram que as pessoas com feridas crônicas estranham seus próprios corpos, experimentam sentimentos negativos acerca de sua imagem, e mobilizam alternativas de autocuidado e de apresentação pessoal, distintas das acionadas antes da cronificação.

Keywords