Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)
PROTOCOLO MULTIDISCIPLINAR PARA IDENTIFICAÇÃO E TRATAMENTO PRECOCES DE NEUTROPENIA FEBRIL EM PACIENTES ONCO-HEMATOLÓGICOS INTERNADOS
Abstract
Objetivo: Descrever o novo protocolo de Neutropenia Febril implementado em unidade de internação de onco-hematologia para identificação e tratamento precoces de febre em pacientes neutropênicos potencialmente graves. Material e métodos: O Hospital Regional do Vale do Paraíba, referência em Onco-Hematologia na região, já possui protocolo formulado para tratamento de neutropenia febril, que consiste em, após a identificação de febre, o médico indicar coleta de culturas e instituição de antibioticoterapia pré-estabelecida em até 1 hora, conforme guidelines mundiais. Porém em nossa realidade o médico intercorrista, de especialidade diversa, pode por vezes estar ocupado, o que pode culminar em atraso no atendimento, com potencial prejuízo. A partir dessa observação se iniciou um trabalho conjunto para tentar melhorar esse fluxo, juntamente com equipe de enfermagem e Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH), de forma a se construir uma rotina padronizada em Neutropenia Febril, com intuito de identificação e manejo adequado e veloz dos quadros agudos. Em junho de 2023 foi iniciada uma nova rotina no serviço, que prevê coleta de culturas e primeira dose de antibótico prescritos pela enfermagem, através de prescrição padrão, para pacientes pré-sinalizados em prontuário informatizado por estarem neutropênicos. São critérios de inclusão ao protocolo pacientes onco-hematológicos, com contagem de neutrófilos abaixo de 1.000 células/mm3 que apresentem febre, definida como temperatura axilar maior ou igual a 37,8°C e que foram sinalizados pelo hematologista como candidatos ao protocolo. Logo após atendimento de enfermagem e sua prescrição, é acionado o médico intercorrista da instituição, via ligação telefônica, o qual por sua vez deve dirigir-se ao setor de internação, avaliar o paciente e prescrever as doses subsequentes de manutenção do(s) antibiótico(s) assim que possível. Discussão: O protocolo de Neutropenia Febril criado em nossa instituição se pauta na ideia de que pacientes neutropênicos são potencialmente graves e, ao apresentarem febre, devem ser candidatos a medidas rápidas conforme guidelines mundiais. Em nossa realidade, de hospital público, sem hematologista presente vinte quatro horas, o atraso de atendimento pode ocorrer por diversos motivos. Espera-se que haja redução para o tempo de início de antibiótico após adoção do protocolo multidisplinar de tratamento de Neutropenia Febril. Em segundo momento de estudo, estão sendo comparados os dados doze meses antes e doze meses após a instituição do protocolo, avaliando intervalo de tempo entre febre e início de antibiótico e mortalidade. Conclusão: Pacientes com neutropenia febril possuem alta mortalidade e seu atendimento rápido é importante, mas nem sempre fácil em nossa realidade. A diminuição do tempo de tomada de medidas nesses casos pode melhorar desfechos. A utilização de um protocolo multidisciplinar simples, com utilização de ferramentas fáceis e disponíveis em prontuário informatizado, visa encurtar o período de tomada de decisão, incluindo no processo outras equipes de cuidado, como enfermagem, farmácia, laboratório e SCIH, com educação contínua e esforço mútuo.