Saberes Plurais (Aug 2018)

O agir profissional de equipes de saúde e a atenção a gestantes no Sistema Único de Saúde

  • Janice Castilhos Gomes,
  • Ramona Fernanda Toassi Ceriotti,
  • Cristine Maria Warmling

DOI
https://doi.org/10.54909/sp.v1i1.63715
Journal volume & issue
Vol. 1, no. 1

Abstract

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O estudo propõe-se a analisar o agir em competência de equipes de saúde da família na produção do cuidado de gestantes atendidas no Sistema Único de Saúde (SUS) de uma região de saúde no estado do Rio Grande do Sul. Trata-se de um estudo de caso do tipo único e integrado com múltiplas unidades de análise. Utilizou-se abordagem metodológica predominantemente qualitativa. Os dados foram produzidos por meio da realização de sete grupos focais em sete equipes de saúde da família com saúde bucal de seis municípios da região analisada. Todas as equipes do estudo passaram pela avaliação no primeiro ciclo do Programa de Melhoria de Acesso e Qualidade (PMAQ) no ano de 2012. Foram ouvidos 22 trabalhadores da atenção básica ─ 7 médicos, 7 enfermeiras e 8 cirurgiões- dentistas. O estudo valeu-se também dos dados secundários produzidos na avaliação do PMAQ. A base referencial teórica de produção e análise dos dados encontra-se fundamentada na ergologia, especialmente no agir em competência descrito por Schwartz (2010). A condução do grupo focal ocorreu com a ajuda de um instrumento de pesquisa baseado nos ingredientes do agir em competência na produção do cuidado das equipes de saúde entrevistadas. Os dados produzidos pelo estudo foram analisados com a ajuda do programa de análise qualitativa NVivo. Os resultados encontrados demonstram que a convivência das equipes de saúde da família com médicos especialistas de maneira não integrada conduzem a livre demanda, ao atendimento médico-centrado, a priorização de exames e procedimentos, afeta o uso dos protocolos e torna a estratégia de saúde da família coadjuvante no cuidado. Verificou-se a presença de concepções de saúde e doença com discurso prescritivo a respeito da individualidade e autonomia das mulheres. Quanto a realidade observou-se que a alta rotatividade, precariedade de vínculos empregatícios e sobrecarga de trabalho dificultam inovações e o trabalho em equipe. Foram relatadas dificuldades na manutenção das reuniões de equipes e insuficiência de mecanismos de planejamento e decisão no âmbito local. Conclui-se que contradições encontradas entre dados quantitativos provenientes da avaliação do PMAQ com resultados qualitativos produzidos pelos grupos focais, levam a constatação da importância de realização de estudos que produzam a complementaridade de perspectivas quantitativas e qualitativas.