Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2021)

RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS SOROLOGICOS DEVIDO A PRESENÇA DE AUTO-ANTICORPO FRIO × TRANSFUSÃO

  • M Valvasori,
  • AS Oliveira,
  • AA Silva,
  • ESB Junior,
  • EP Araújo,
  • FDN Gonzaga,
  • LFS Rosa,
  • PLS Piovesan,
  • RS Moraes,
  • WDAD Nascimento

Journal volume & issue
Vol. 43
pp. S403 – S404

Abstract

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Introdução: A Anemia hemolítica auto-imune (AHAI) é uma doença rara caracterizada pela hemólise mediada por auto-anticorpo, podendo ser classificada em: AHAI quente, AHAI a frio ou Síndrome da Aglutinina Fria, Hemoglobinúria paroxística a Frio (HPF); AHAI mista (combinação de AHAI quente e fria); AHAI atípica, AHAI induzida por drogas e AHAI induzida por aloanticorpos. A AHAI fria é geralmente causada por uma IgM. A incidência é incomum, podendo ocorrer em ambos os sexos. Esses pacientes costumam chegar ao serviço com resultados de Hb/Ht críticos e com solicitação de transfusão. A primeira observação que sugere o diagnóstico é a auto aglutinação da amostra de sangue do paciente. Nosso serviço avalia, além dos resultados laboratoriais, seu histórico e juntamentecom a equipe médica do hospital, o resultado da hemoglobina e, se existe uma doença de base que não permita que esse paciente permaneça com um Hb/Ht crítico e sua transfusão não possa ser postergada. Método: A tipagem sanguínea ABO/RhD é realizada utilizando a técnica de gel teste (BioRad), a prova Reversa é realizada utilizando a técnica de tubo com as hemácias RA1/RB (BioRad), em casos mais graves observamos uma discrepância entre a prova direta e a reversa. A Pesquisa de Anticorpos Irregulares (PAI) juntamente com o teste de Coombs Direto (TAD), e autocontrole também são realizados através da técnica em Gel/Liss Coombs, nesses casos, os testes apresentam uma pan reatividade, sendo detectado no Coombs Direto, através do cartão monoespecífico em Gel (BioRad), a presença das imunoglobulinas (IgG, IgM, IgA e C3). Com os resultados obtidos sempre levantamos algumas questões: Qual é a causa da hemólise? Como solucionar a discrepância ABO e resolver o PAI? Seria a transfusão de sangue a melhor escolha nesse momento para os pacientes? Para solucionar o problema com a discrepância ABO, separamos um pouco das hemácias e colocamos no banho-maria a 37°C por 15 min, após a incubação, lavamos essas hemácias com solução fisiológica pré-aquecida a 37°C, podemos utilizar o DTT 0,01M que cliva as ligações das moléculas IgM dissociando auto-anticorpo frio. A aglutinação visível desaparece, e então, utilizamos a técnica em tubo com reagentes anti-A; -B; -AB; -D e Ctl para realizar a tipagem direta. Finalmente lançamos mão da adsorção, utilizando hemácias do paciente, lavadas com soro fisiológico pré-aquecido, e incubando com o soro do paciente a 4°C, por 1 hora ou banho de gelo. Discussão: Em todos os casos tivemos sucesso com as adsorções, conseguimos diminuir a interferência dos autoanticorpos (pan reatividade) e solucionar os problemas nos testes pré-transfusionais. Nos casos em que o título dos anticorpos é baixo, os pacientes recuperam os níveis de hemoglobina gradualmente, não sendo necessário a transfusão, esta deve ser postergada o quanto for possível. No entanto nos casos apresentados, os pacientes apresentavam uma severa crise de hemólise (Hb <4), levando o paciente ao risco de vida, sendo necessária a transfusão urgente. Durante a transfusão, os cuidados ao paciente e com a transfusão, foram fatores primordiais para o sucesso transfusional. Conclusão: O laboratório de Imuno-hematologia deve estar apto para resolver os casos de pacientes com anemia hemolítica auto-imune, e metodologias capazes de resolver os problemas ocasionados por essa pan aglutinação, e expertise para disponibilizar a transfusão o mais rápido possível.