Arquivos de Neuro-Psiquiatria (Jun 2000)
Síndrome de personalidade interictal na epilepsia do lobo temporal não-dominante: relato de caso Interictal personality syndrome in temporal lobe epilepsy: case report
Abstract
A síndrome de personalidade interictal na epilepsia do lobo temporal não-dominante consiste de hipossexualidade, hiperreligiosidade, alteração do humor e hipergrafia. Sua descrição, em 1974, foi seguida de extensa busca por estes sinais em uma vasta população de pacientes epilépticos. No entanto, estes estudos científicos fracassaram em encontrar este síndrome na epilepsia do lobo temporal em geral. Sua existência foi, por conseguinte, posta em dúvida. Apresentamos o caso de um senhor de 35 anos cuja peculiaridade hipergráfica é o desenho de plantas de construção civil em grande quantidade, além de hiperreligiosidade, hipossexualidade e circunstancialidade. É o primeiro relato deste tipo de expressão gráfica associada à epilepsia parcial complexa e esclerose mesial temporal. Dentre os mecanismos fisiopatológicos propostos, o mais coerente é o da hiperconexão temporal. Embora as crises possam ser controladas em grande parte dos casos com tratamento clínico ou cirúrgico, a sintomatologia comportamental é refratária ao tratamento psicoterápico.The syndrome of interictal personality in non-dominant temporal lobe epilepsy consists of hyposexuality, hyperreligiosity, humorlessness and hypergraphia. Its notification, in 1974, was followed by an extensive search for these traits in broad epileptic populations. Nevertheless, these statistical studies failed to match this syndrome in general temporal lobe epileptics, and its existence became then target of doubt. We report the case of a 35 year-old man presenting partial complex epilepsy, whose singularity lies in his sophisticated drawing abilities. The large amount of buildings and houses he paints expresses his hypergraphia. He also presents hyposexuality and hyperreligiosity. MRI shows right mesial temporal sclerosis. Temporal hyperconnection, caused by a basal temporal irritative focus, is the most probable pathophysiological mechanism. Epileptic fits can be controlled in the majority of cases. However, behavioural symptoms usually do not respond to pharmacological approach or psychotherapy.
Keywords