Revista Brasileira de Geomorfologia (Jul 2018)

ANÁLISE CRONOESTRATIGRÁFICA DOS CORDÕES LITORÂNEOS NA PLANÍCIE COSTEIRA DA FOZ DO RIO ITABAPOANA (ESPÍRITO SANTO, BRASIL)

  • Francisco José Santos Nascimento,
  • Eduardo Guimarães Barboza,
  • Thaís Baptista da Rocha,
  • Guilherme Borges Fernandez,
  • Thays Desiree Mineli,
  • Tayná Esteves

DOI
https://doi.org/10.20502/rbg.v19i3.1346
Journal volume & issue
Vol. 19, no. 3

Abstract

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O presente artigo tem foco na reconstrução cronoestratigráfica da planície costeira de cordões litorâneos estabelecidos sobre o vale fluvial do Rio Itabapoana/ES. Planícies costeiras com padrões semelhantes são encontradas ao longo de regiões com comportamento regressivo da linha de costa. Assim, o estudo objetiva correlacionar a evolução cronoestratigráfica com outra região costeira regressiva na Bacia de Pelotas. Na construção da base de dados foram integrados métodos de Sensoriamento Remoto, de Topografia, de Geofísica e de Geocronologia, analisados em um Sistema de Informações Geográficas (SIG). Como resultado na análise da imagem de satélite RapidEye, na composição colorida R5-G3-B1, foram discriminados três padrões de variações na cobertura vegetal em relação ao solo exposto. Essa relação entre a vegetação e o solo exposto proporcionou a identificação desses três padrões distintos. A obtenção de dados contínuos de altimetria com o apoio de um sistema global de navegação por satélite (GNSS), concentrado no caminhamento perpendicular à linha de costa, permitiu a elaboração de um perfil altimétrico. Foram identificadas três principais características: 1) nos primeiros 600 m tem-se um acréscimo na elevação; 2) uma longa faixa “estável”, de pouca mudança na elevação; 3) por fim, o decréscimo da elevação nos últimos 500 m. A caracterização da arquitetura deposicional em subsuperfície, baseada em um Radar de Penetração no Solo (GPR), possibilitou a identificação de dois padrões de empilhamento. Esses padrões são apresentados em três setores representativos, o primeiro setor é composto pelos dois padrões, onde identificam-se um padrão retrogradacional na base e um padrão progradacional no topo da seção, representando, respectivamente, a fase transgressiva do sistema costeiro, seguido pela inversão com a progradação iniciada como uma regressão normal. O segundo setor possui um padrão de empilhamento progradacional composto por três unidades deposicionais bem definidas: eólica, pós-praia e zona de estirâncio, e antepraia superior. O terceiro setor possui um padrão de empilhamento progradacional, devido à proximidade com o oceano, e consequente atenuação do sinal pela salinidade, observam-se somente duas unidades deposicionais: eólica, pós-praia e zona de estirâncio. Para a relação cronoestratigráfica, seis amostras de sedimentos da fração arenosa do primeiro metro da deposição eólica foram coletadas para a obtenção de idades a partir de Luminescência Opticamente Estimulada (LOE). Os cordões litorâneos datados apresentaram idades holocênicas. As taxas de progradação a partir de 5.261 ± 396 A.P. apresentaram uma variação entre 0,73 e 0,55 m/ano até 1.940 ± 158 anos A.P. A integração dos resultados obtidos permitiu o reconhecimento de três padrões que levaram à interpretação de três fases decorrentes das variações do nível relativo do mar e do aporte sedimentar na evolução da planície, correlacionáveis com setores regressivos na Bacia de Pelotas. Essas fases representam os períodos de transgressão, regressão normal e regressão forçada. Os dados obtidos indicam que esse setor costeiro apresenta um comportamento não erosivo de longo período.

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