Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2021)
EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NAS LIGAS DE HEMATOLOGIA DO BRASIL
Abstract
Introdução: A extensão universitária, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação, é definida como uma finalidade do ensino superior que visa sobretudo à interação entre Universidade e sociedade, constituindo parte do tripé universitário. As ligas acadêmicas, organizações estudantis cuja função é fomentar o ensino, a pesquisa e a extensão em determinada área, promovem, com certa frequência, atividades de extensão. Desse modo, o presente trabalho possui como objetivo analisar a extensão universitária nas Ligas Acadêmicas de Hematologia. Metodologia: Foi realizada uma pesquisa quantitativa, através da aplicação de questionários online. A população alvo eram as ligas acadêmicas de hematologia do Brasil. No ano de 2020 foram abordadas 44 ligas, a taxa de resposta foi de 72,7%. O instrumento era autoaplicável anônimo, e a participação voluntária, com assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Esta pesquisa foi aprovada pelo comitê de ética da instituição proponente sob o Caae 24510719.2.0000.0029. Para este trabalho foram analisadas 5 questões, das 13 contidas no questionário, versando sobre o tripé universitário. Os dados foram analisados pela ferramenta Excel 2013, para análise descritiva e foram codificados, de forma a garantir o sigilo dos participantes. Resultados: Projetos de extensão são desenvolvidos por 75% das ligas e dentre as que possuem extensão, 68,7% revelam manter contato com a população. Em relação a dificuldade quanto ao desenvolvimento de projetos, 71,8% apresentam alguma dificuldade. Dentre as relatadas, 3,1% afirma não ter adesão dos estudantes nas atividades; 12,5% enfrenta dificuldade em encontrar professores hematologistas para auxiliar; 9,4% para elaborar um projeto de extensão na área de hematologia; 46,9% em mais de uma das opções e 28,1% não enfrentam dificuldade com projetos de extensão. Das ligas participantes, 6,25% não possuem orientador hematologista. Discussão: Os resultados encontrados foram majoritariamente positivos, entretanto, ainda há uma grande parcela das ligas acadêmicas que não desenvolvem atividades de extensão ou que apresentam dificuldade no desenvolvimento de projetos, seja por dificuldades no próprio projeto, em encontrar um orientador hematologista auxiliar, por falta de adesão dos estudantes ou por mais de um desses motivos. Segundo a Demografia Medica no Brasil 2020, há desigualdades persistentes na distribuição dos médicos quando comparam-se as regiões do país ou os grandes centros com o interior. Tal desigualdade reflete-se no cenário acadêmico, e atinge ainda mais as ligas acadêmicas de especialidades médicas como a Hematologia, que contempla apenas 0,7% dos médicos especializados do Brasil. O número reduzido de médicos pode estar refletindo na falta de orientadores hematologistas para as ligas acadêmicas ou para projetos de extensão. Além disso, foi mostrado que uma porcentagem significativa de extensões não tem contato com a população e, levando em conta que as relações interpessoais exercem um papel motivador na escolha da especialidade, o menor contato com os médicos especialistas e pacientes pode afastar os estudantes da especialidade. Conclusão: Desta forma, depreende-se que, embora as ligas acadêmicas de hematologia sejam espaços para estimular reflexões do estudante de medicina e melhorar o desenvolvimento curricular estudantil, a manutenção da atividade extensionista permanece um desafio.