Neotropical Ichthyology (Sep 2009)
Calcium fluxes in Hoplosternum littorale (tamoatá) exposed to different types of Amazonian waters
Abstract
Fishes that live in the Amazonian environment may be exposed to several kinds of waters: "black waters", containing high dissolved organic carbon and acidic pH, "white waters", with ten fold higher Ca2+ concentrations than black waters and neutral pH, and "clear waters", with two fold higher Ca2+ concentrations than black waters and also neutral pH. Therefore, the aim of the present study was to analyze Ca2+ fluxes in the facultative air-breather Hoplosternum littorale (tamoatá) exposed to different Amazonian waters. Fishes were acclimated in well water (similar to clear water) and later placed in individual chambers for Ca2+ fluxes measurements. After 4 h, water from the chambers was replaced by a different type of water. Transfer of tamoatás to ion-poor black or acidic black water resulted in net Ca2+ loss only in the first 2 h of experiment. However, transfer from black or acidic black water to white water led to only net Ca2+ influxes. The results obtained allowed us to conclude that transfer of tamoatás to ion-poor waters (black and acidic black water) led to transient net Ca2+ loss, while the amount of Ca2+ in the ion-rich white water seems adequate to prevent Ca2+ loss after transfer. Therefore, transfer of tamoatás between these Amazonian waters does not seem to result in serious Ca2+ disturbance.Os peixes que vivem na Amazônia são expostos a vários tipos de água: águas pretas, contendo grande quantidade de carbono orgânico dissolvido, águas brancas, com concentração de Ca2+ dez vezes maior que as águas pretas e pH neutro, e águas claras, com concentração de Ca2+ duas vezes maior que as águas pretas e pH também neutro. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi analisar o fluxo de Ca2+ no peixe de respiração aérea facultativa Hoplosternum littorale (tamoatá) exposto a diferentes tipos de águas amazônicas. Os peixes foram aclimatados em água de poço artesiano (semelhante à água clara) e depois colocados individualmente em câmaras para medir o fluxo de Ca2+. Após 4 h, a água das câmaras foi trocada por um tipo diferente de água. A transferência do tamoatá das águas pobres em íons água preta e preta ácida ou da água branca, rica em íons, para as águas preta e preta ácida, pobres em íons, resulta em uma perda de Ca2+ apenas nas duas primeiras horas de experimento. Entretanto, a transferência da água preta e preta ácida, para a água branca resulta em um influxo de Ca2+. Os resultados obtidos nos permitem concluir que a transferência do tamoatá para as águas preta e preta ácida, pobres em íons, leva a uma temporária perda de Ca2+, e a quantidade de Ca2+ na água branca, rica em íons, é adequada para prevenir sua perda após a transferência. Sendo assim, a transferência do tamoatá entre as águas estudadas não resulta em sérios distúrbios no Ca2+.