TRIAGEM LABORATORIAL DE HEMOGLOBINAS VARIANTES EM DOADORES DE SANGUE NO IHENE BANCO DE OSSOS E SANGUE DO NORDESTE, ENTRE OS ANOS DE 2021 A 2022

Abstract

Objetivo: Estabelecer a prevalência de hemoglobinas variantes nos doadores de sangue do IHENE. Material e método: Estudo de revisão de dados retrospectivo, na qual foram testados 58.364 doadores para triagem laboratorial de hemoglobinas variantes, nos anos de 2021 a 2022. A legislação preconiza a pesquisa de hemoglobina S em todos os doadores de 1º vez, porém no IHENE todos os doadores são testados em todas as doações e não apenas para Hemoglobina S, mas também para outras variantes detectadas pelo método avaliado. Os testes foram realizados no laboratório terceirizado da Imunolab, através da técnica de eletroforese seletiva em Ágar-amido para triagem de hemoglobina alterada e Agar-ácido para confirmação e identificação: Hb SS, Hb SC, Hb AC, Hb CC, Hb Af, Hb AJ, Hb fetal e Hb normal. As amostras foram colhidas por punção venosa, sendo EDTA o anticoagulante de escolha. Os dados foram coletados através do sistema Syshemo da instituição, onde pesquisamos o perfil do doador quanto ao sexo e comparamos com as variantes encontradas. Resultados: Foram analisadas 58.364 amostras de doadores nos dois anos, no qual 1.867 apresentaram presença de hemoglobinas variantes, correspondendo a 3,2 % dos doadores. Dentre as amostras testadas com presença de Hb variantes, 1.266 (67,8%) são em homens e apenas 601 (32,2%) em mulheres. No ano 2021, 30.824 amostras testadas, apresentaram 953 (3,09%) resultados com presença de Hb variantes, destas, 796 eram Hb AS (2,58%), 147 (0,48%) Hb AC, 03(0,009%) Hb AD e 07 amostras não conseguiram confirmar com o método de eletroforese (0,02%). No ano seguinte 2022, das 27.540 amostras testadas, 914 (3,32%) apresentaram presença de Hb variante, destas, 735 (2,67%) eram Hb AS, 173 (0,63%) Hb AC, 01 (0,003%) Hb AD, 01 (0,003%) Hb AJ, 01(0,003%) Hb SC, 03 (0,01%) amostras com prováveis variantes, porém não foi possível confirmar com o método avaliado. Discussão: As hemoglobinas variantes são decorrentes de alterações estruturais na hemoglobina que promovem a formação de moléculas com características bioquímicas diferentes das hemoglobinas normais. A importância da triagem de hemoglobinas variantes em doadores se dá por causa de alguns pacientes que não podem receber hemocomponentes eritrocitários com essas variantes. Este estudo identificou que os homens apresentaram maior prevalência de presença de Hb variante, isso porque o número maior de doadores é do sexo masculino (64,5%) do que do sexo feminino (35,5%). A Hb AS foi a variante mais prevalente nos dois anos estudados mostrando estabilidade, porém em 2022 tivemos um leve aumento da variante Hb AC. As outras variantes encontradas AD e AJ são menos frequentes na nossa população. Encontramos 01 doador com a presença de duas mutações SC, tendo o hemocomponente eritrocitário desprezado. As variantes não confirmadas pelo método foram liberadas como prováveis variantes e tratadas com o mesmo critério das confirmadas. Conclusão: A triagem de hemoglobina variante em doadores é uma importante ferramenta para promover uma orientação adequada e assistencial nos doadores que tenham algum tipo de hemoglobina variante, quanto para seleção correta dos hemocomponentes utilizados, garantindo uma segurança transfusional ao paciente.