Arquivos de Gastroenterologia (Jun 2008)

Diarréia nosocomial em unidade de terapia intensiva: incidência e fatores de risco Nosocomial diarrhea in the intensive care unit: incidence and risk factors

  • Sérvulo Luiz Borges,
  • Bruno do Valle Pinheiro,
  • Fabio Heleno de Lima Pace,
  • Julio Maria Fonseca Chebli

DOI
https://doi.org/10.1590/S0004-28032008000200005
Journal volume & issue
Vol. 45, no. 2
pp. 117 – 123

Abstract

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RACIONAL: Diarréia nosocomial parece ser comum em unidades de terapia intensiva, embora sua epidemiologia seja pouco documentada em nosso meio. OBJETIVO: Determinar a incidência e fatores de risco de diarréia entre pacientes adultos internados em unidade de terapia intensiva. MÉTODOS: Foram incluídos prospectivamente 457 pacientes no período entre outubro de 2005 e outubro de 2006. Dados demográficos, clínicos e bioquímicos, bem como aspecto e número de evacuações eram registrados diariamente até a saída do paciente do setor. RESULTADOS: Diarréia ocorreu em 135 (29,5%) pacientes, durando em média 5,4 dias. O tempo do seu início em relação à internação foi de 17,8 dias e casos similares de diarréia no mesmo período foram registrados em 113 (83,7%) pacientes. A mortalidade hospitalar foi maior nos pacientes com diarréia do que naqueles sem esta intercorrência. Na análise multivariada através de modelo de regressão logística, apenas o número de antibióticos (OR 1,65; IC 95% = 1,39-1,95) e o número de dias de antibioticoterapia (OR 1,16; IC 95% = 1,12-1,20) associaram-se estatisticamente com a ocorrência de diarréia. Cada dia de acréscimo a mais da antibioticoterapia aumentou em 16% o risco de diarréia (IC 12% a 20%), enquanto a adição de um antibiótico a mais ao esquema antimicrobiano aumentou as chances de ocorrência de diarréia em 65% (IC 39% a 95%). CONCLUSÃO: A incidência de diarréia nosocomial na unidade de terapia intensiva é elevada (29,5%). Os principais fatores de risco para sua ocorrência foram número de antibióticos prescritos e duração da antibioticoterapia. Além das precauções entéricas, a prescrição judiciosa e limitada de antimicrobianos, provavelmente reduzirá a ocorrência de diarréia neste setor.BACKGROUND: Nosocomial diarrhea seems to be common at intensive care units, although its epidemiology be poorly documented in Brazil. AIM: To determine the incidence and risk factors of diarrhea among adult patients admitted to intensive care units. METHODS: Four hundred and fifty five patients were prospectively included during the period between October 2005 and October 2006. Demographic, clinical and biochemical data as well as aspect and number of bowel movements were recorded on a daily basis until discharge from the unit. RESULTS: Diarrhea occurred in 135 (29.5%) patients, lasting 5.4 days average. The time of its onset in according to admission was 17.8 days and similar cases of diarrhea during the same period were recorded in 113 (83.7%) patients. In a multivariate analysis through the logistics regression model, only the number of antibiotics (OR 1.65; I.C. 95% = 1.39-1.95) and the number of days of antibiotic therapy (OR 1.16; I.C. 95% = 1.12-1.20) were statistically associated with the diarrhea occurrence. Each day added of antibiotic therapy, raised in 16% the risk of diarrhea (I.C. 12% to 20%), while the addition of one more antibiotic to the scheme, increased the chances of occurring diarrhea in 65% (I.C. 39% to 95%). CONCLUSION: The incidence of nosocomial diarrhea in intensive care units is high (29.5%). The main risk factors for its occurrence were number of prescribed antibiotics and duration of the antibiotic therapy. Besides the enteric precautions, judicious and limited prescription of antimicrobians probably will reduce the occurrence of diarrhea at this unit.

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