Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Sep 2008)
Fatores maternos associados ao peso fetal estimado pela ultra-sonografia Maternal factors associated with fetal weight estimated by ultrasonography
Abstract
OBJETIVO: avaliar o efeito de variáveis maternas, socioeconômicas e obstétricas, assim como a presença de incisuras na 20ª e na 24ª semana, sobre o peso fetal estimado no final da gravidez (36ª semana) em gestantes atendidas pelo Programa Saúde da Família em uma cidade do interior do Nordeste do Brasil. MÉTODOS: estudo longitudinal incluindo 137 gestantes. As gestantes foram acompanhadas a cada quatro semanas para aferição das condições clínicas, socioeconômicas e obstétricas, incluindo o peso materno. As artérias uterinas foram avaliadas pelo Doppler na 20ª e 24ª semana, o peso fetal e o índice de líquido amniótico (ILA) foram determinados na 36ª semana. O estado nutricional materno inicial foi determinado pelo índice de massa corpórea (IMC), classificando-se as gestantes como com baixo peso, eutróficas, com sobrepeso e obesas. O ganho ponderal durante a gestação foi avaliado de acordo com o estado nutricional inicial, sendo ao final do segundo e terceiro trimestre classificado em ganho ponderal insuficiente, adequado e excessivo. Foi realizada análise de variância para avaliar a associação do peso fetal estimado na 36ª semana com as variáveis preditoras, ajustada por regressão linear múltipla. RESULTADOS: observou-se associação entre peso fetal estimado na 36ª semana e idade da mãe (p=0,02), trabalho materno (p=0,02), estado nutricional inicial (p=0,04), ganho ponderal no segundo trimestre (p=0,01), presença de incisuras nas artérias uterinas (p=0,02) e ILA (p=0,007). Os principais fatores associados ao peso fetal estimado na 36ª semana, após a análise de regressão múltipla, foram: IMC no início da gravidez, ganho ponderal no segundo trimestre, ILA e tabagismo. CONCLUSÕES: o peso fetal no presente estudo associou-se positivamente ao estado nutricional materno inicial, ao ganho ponderal no segundo trimestre, ao volume do líquido amniótico e negativamente ao hábito de tabagismo.PURPOSE: to evaluate the effect of maternal, socioeconomic and obstetric variables, as well the presence of artery incisions in the 20th and 24th weeks on the fetal weight estimated at the end of pregnancy (36th week) in pregnant women attended by Programa Saúde da Família, in an inland town of the northeast of Brazil. METHODS: a longitudinal study including 137 pregnant women, who have been followed up every four weeks in order to assess clinical, socioeconomic and obstetric conditions, including their weight. The uterine arteries were evaluated by Doppler in the 20th and 24th weeks, the fetal weight and the amniotic fluid index (AFI), determined in the 36th week. The initial maternal nutritional state has been determined by the body mass index (BMI), the pregnant women being classified as low weight, eutrophic, over weight and obese. Weight gain during gestation has been evaluated, according to the initial nutritional state, being classified at the end of the second and third trimester as insufficient, adequate and excessive weight gain. Analysis of variance was performed to evaluate the association of the fetal weight in the 36th week with the predictor variables, adjusted by multiple linear regression. RESULTS: an association between the fetal weight estimated in the 36th week and the mother's age (p=0.02), mother's job (p=0.02), initial nutritional state (p=0.04), weight gain in the second trimester (p=0.01), presence of incisions in the uterine arteries (p=0.02), and AFI (p=0.007) has been observed. The main factors associated to the fetal weight estimated in the 36th week, after the multiple regression analysis were: BMI at the pregnancy onset, weight gain in the second trimester, AFI and tabagism. CONCLUSIONS: in the present study, the fetal weight is positively associated with the initial maternal nutritional state, the weight gain in the second trimester and the volume of amniotic fluid, and negatively, to tabagism.
Keywords