Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (Nov 2023)

Diabetes mellitus tipo 2 e pandemia COVID-19: qual o impacto?

  • Nina Lopes,
  • Isabel Mina,
  • Maria João Gonçalves,
  • Clara Barros Fonseca,
  • Manuel Amaral Henriques,
  • Conceição Outeirinho,
  • Paulo Lima Pereira,
  • Mariana Cruz Silva,
  • Rodrigo Costa,
  • Ana Calafate

DOI
https://doi.org/10.32385/rpmgf.v39i5.13504
Journal volume & issue
Vol. 39, no. 5

Abstract

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Introdução: A diabetes mellitus é uma das principais causas de morbimortalidade em todo o mundo. Pretende-se verificar se a pandemia COVID-19 teve repercussões no controlo metabólico e cardiovascular dos doentes com diabetes mellitus tipo 2 (DM2) da USF Garcia de Orta (GO), do ACeS Porto Ocidental. Método: Estudo observacional, transversal, analítico. A população do estudo corresponde aos utentes inscritos na USF GO com o diagnóstico de DM (código T89 e T90 da ICPC-2) na lista de problemas ativos. Depois de aplicados os critérios de inclusão e exclusão obteve-se a amostra por aleatorização simples. Foram comparados valores de hemoglobina glicada (HbA1c), colesterol-LDL, índice de massa corporal (IMC), pressão arterial sistólica (PAs) e diastólica (PAd), registados num período pré-pandémico com os de um período pandémico. Resultados: A amostra foi de 218 pacientes, com média de idades de 70,9 ±11,1 anos. Na amostra a mediana de HbA1c (6,75 vs 6,80) e do colesterol-LDL (82,80 vs 91,60) foi inferior no período pandémico. Verificando-se o oposto em relação ao IMC, com a mediana superior no período pandémico (27,03 vs 26,87). Apenas na análise do colesterol-LDL se obteve um resultado estatisticamente significativo. Na análise do controlo tensional, em média, os valores de PAs (134.06 vs 133.41) e PAd (77.97 vs 76.59) foram superiores no período pandémico face ao pré-pandémico, mas sem significado estatístico. Discussão: No estudo encontrou-se, à exceção do IMC, da PAs e da PAd, uma melhoria dos valores no período pandémico. Em relação ao impacto da pandemia nas variáveis estudadas estão descritos na literatura resultados contraditórios. Estes resultados podem refletir a qualidade das teleconsultas realizadas no período pandémico e/ou no esforço dos diabéticos por manter hábitos saudáveis. Conclusão: Não se pode afirmar que, no período avaliado, a pandemia COVID-19 teve impacto negativo no controlo metabólico e cardiovascular dos pacientes com DM2 da população estudada.

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