Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2024)

EP-213 - COMPLEXO MYCOBACTERIUM AVIUM INTRACELLULARE OU MYCOBACTERIUM KANSASII: SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS NA APRESENTAÇÃO CLÍNICA E NO DESFECHO CLÍNICO.

  • Camila Magnusson,
  • Lia Logarezzi,
  • Caio Liguori,
  • Márcia Garcia,
  • Antônio Martins,
  • Nanci Saita,
  • Michele Silva,
  • Amanda Ferreira,
  • Rodrigo Angerami,
  • Mariângela Resende

Journal volume & issue
Vol. 28
p. 104132

Abstract

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Introdução: As espécies do Complexo Mycobacterium avium intracellulare (MAC) e o Mycobacterium kansasii (Mk) são patógenos de crescimento lento que causam pneumopatia. Objetivo: Contrastar a apresentação clínica e o desfecho clínico entre pacientes com Complexo Mycobacterium avium intracellulare ou Mycobacterium kansasii. Método: Coorte retrospectiva de pacientes adultos não infectados pelo HIV, com infecção por MAC ou Mk, de acordo com os critérios da ATS/MS, 2021, acompanhados em hospital de referência em Campinas-SP, de janeiro de 2016 a dezembro de 2023. Resultados: Foram incluídos 49 episódios de MAC (22 M. avium, 20 M. intracellulare, 3 M. chimaera, 4 MAC), correspondendo a 46 pacientes; enquanto que com Mk foram 37 episódios, relativos a 37 pacientes. Houve predomínio do sexo feminino entre os casos de MAC (61,2%) e do sexo masculino entre os pacientes com Mk (52%) (p < 0,01). A mediana de idade foi superior nos pacientes com MAC (62,5 anos) em relação aos com Mk (51 anos) (p < 0,01). Dentre os pacientes com MAC, todos apresentaram forma pulmonar, e naqueles com Mk, a forma pulmonar ocorreu em 35(95%) casos, disseminada em um caso e a óssea em outro. Cavitações pulmonares foram mais frequentes entre os pacientes com Mk, 27 (75%) quando comparado aqueles com MAC 22 (45%) (p < 0,01). O esquema terapêutico para MAC utilizado, mais frequentemente, foi claritromicina + rifampicina + etambutol em 29(59,2%), em 10 (20,4%) foi acrescentado um aminoglicosídeo, em cinco (10,2%) foi acrescentado uma quinolona e em cinco (10,2%) foram utilizados outros esquemas. Para Mk, o regime mais frequentemente utilizado consistiu em rifampicina + isoniazida + etambutol, em 18 (48,6%), acrescido de um aminoglicosídeo em 17 (45,9%), acrescido de uma quinolona em três (8,1%) e feito outro esquema em um (2,7%) episódio. Os casos de MAC evoluíram para tratamento completo em 26(53,1%) casos, para óbito em sete (14,3%) (um óbito por MAC e seis por outras causas), perda do seguimento em quatro (8,2%) e 10(20,4%) estão em tratamento. Para Mk, 26 (70,3%) completaram o tratamento, cinco (13,5%) morreram, dois (5,4%) abandonaram e quatro (10,8%) estão em tratamento. O desfecho clínico de MAC e de Mk foi favorável em 53% e 70% (p = 0.056), respectivamente, na coorte avaliada. Conclusão: Os pacientes com Mk foram mais jovens, com predomínio do sexo masculino, com maior frequência de cavitações ao exame de imagem e maior frequência de desfecho favorável, quando comparados aos pacientes com MAC.