Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

O QUE FAZER DIANTE DE UM PACIENTE PEDIÁTRICO COM NEUTROPENIA?

  • MBS Nascimento,
  • LM Tôrres,
  • LF Alves,
  • ACA Oliveira,
  • TC Rezende,
  • LLR Matos,
  • VTR Matos,
  • GLS Cordeiro,
  • CDS Porto,
  • LKA Rocha

Journal volume & issue
Vol. 46
p. S660

Abstract

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Introdução/objetivo: A neutropenia é descrita como a contagem absoluta de neutrófilos em sangue periférico, inferior a 1.000/μL, em crianças com até um ano de vida, e inferior a 1.500/μL, após o primeiro ano de vida. Na avaliação do paciente neutropênico é importante considerar o estado clínico do paciente, e não apenas o número absoluto de neutrófilos. Dessa forma, o presente trabalho tem por objetivo, explicitar a abordagem diagnóstica e o manejo diante de uma paciente pediátrico com neutropenia no ambulatório, indo além do típico caso de neutropenia febril. Metodologia: Foi realizada uma revisão de literatura sobre o tema utilizando a base de dados PUBMED a partir de 2014. Foram utilizados os descritores: Neutropenia in children AND Pediatric neutropenia AND Management of pediatric neutropenia. A pesquisa resultou em 566 artigos. Foram excluídos relatos de caso e séries de casos. Foram selecionados 10 artigos com foco em manejo de neutropenia em crianças sem câncer, dentre os quais estão artigos originais, revisões sistemáticas e estudos prospectivos. Discussão/resultados: A neutropenia é classificada como aguda (até 4 semanas) ou crônica, isolada ou associada, congênita ou adquirida, leve (1.000 - 1.500/μL), moderada (500 - 1.000/μL) ou grave (< 500/μL). No ambiente ambulatorial, em caso de paciente com doença de base, que apresente quadro neutropênico atual, deve-se investigar possível agravamento da doença, ou possível efeito adverso em vigência de algum tratamento. Além disso, a investigação da neutropenia infantil necessita ser iniciada nos casos graves, devido ao risco de infecções; naquelas persistentes, pela possibilidade de existência de doença oculta; nas febris, pelo risco infeccioso subjacente; e, por fim, naqueles casos acompanhados de outras citopenias, pela possibilidade de comprometimento da função medular. O manejo do paciente pediátrico neutropênico é baseado nas principais possíveis causas da redução de neutrófilos, logo, é importante classificar a neutropenia em três grandes grupos: (a) primária com reserva de medula óssea reduzida (exemplos: síndrome de Shwachman-Diamond, síndrome de Chédiak–Higashi, entre outros), (b) secundária com reserva de medula óssea reduzida (exemplo, induzida por drogas, deficiência nutricional, infecções virais, entre outras) e (c) neutropenia com reserva adequada de medula óssea (exemplo, autoimune, hiperesplenismo, neutropenia familiar benigna, entre outras). Em caso de sinal de infecção, neutropenia grave ou sinal de alarme (queda do sensório, hipotensão, diaforese, dispneia, entre outros), deve-se solicitar exames investigacionais, proceder para internação hospitalar e antibioticoterapia. Dessa forma, o manejo deve seguir a causa principal; a avaliação da medula óssea pode ser considerada quando a neutropenia se torna crônica, sem etiologia definida ou diante da presença de sinais de gravidade. Conclusão: O diagnóstico e o tratamento da neutropenia infantil compõem um esforço complexo, porém, primariamente, saber como e quando investigar é importante para o prognóstico dos pacientes. Assim, uma abordagem sistematizada necessita incluir o histórico médico completo, um exame físico detalhado e exames complementares pertinentes e direcionados, com foco nos possíveis fatores causais e na gravidade da situação de momento.