Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)

NEUROCISTICIRCOSE EXTRAPARENQUIMATOSA REFRATÁRIA AO TRATAMENTO ANTIPARASITÁRIO

  • Júlia Domingues Gatti,
  • Alessa de Andrade Santana,
  • Luiz Fernando de Oliveira Urzeda,
  • Alexandre Motta Mecê,
  • Paula Domingues Gatti

Journal volume & issue
Vol. 27
p. 103559

Abstract

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A neurocisticercose extraparenquimatosa é rara, sendo o acometimento subaracnóideo uma condição grave. A perda do escolex, o que configura a forma racemosa da doença subaracnóide, torna o diagnóstico e o tratamento difíceis. A sintomatologia inclui convulsões e sinais de hipertensão intracraniana (HIC), com confirmação diagnóstica por visualização de cistos. Relatamos o caso de neurocisticercose em paciente do sexo masculino, 47 anos de idade, sem comorbidades prévias. Teve o diagnóstico de Neurocisticercose em 2018 devido a queixa de cefaléia crônica e baixa acuidade visual, confirmado na investigação com RNM de crânio que evidenciou inúmeras lesões císticas subaracnóideas e ventriculares. Realizou tratamento com Albendazol, Praziquantel e corticóide, além de fenestração do nervo óptico de olho esquerdo para descompressão devido sinais de HIC. Paciente recorreu à cefaléia e alteração visual, realizando um segundo ciclo de tratamento no mesmo ano. Cerca de 1 ano depois, foi internado para um terceiro ciclo, pois apresentava cefaléia e a RNM de controle evidenciou novas lesões racemosas. Após o terceiro ciclo, teve controle de imagem de RNM evidenciando melhora discreta no tamanho de lesões. Manteve seguimento ambulatorial retornando em junho de 2023 com queixa de cefaléia esporádica, quadrantopsia superior à esquerda e nova RNM em abril de 2023 com aumento de acometimento subaracnóideo e manutenção de herniação tonsilar incipiente, sendo internado para novo tratamento. Foi realizada punção liquórica com pleocitose de 79 leucócitos (15% de eosinófilos e 78% de linfócitos), glicose de 33, proteína de 68, e pressão de abertura de 42 cmH20. Neste ciclo, realizou corticóide EV (metilprednisolona 100 mg EV ao dia por 07 dias) seguido de desmame, Praziquantel 50 mg/kg/d e Albendazol 20 mg/kg/d. Devido à falta de Praziquantel no País, realizou apenas 4 dias deste, mantendo uso de Albendazol. Manteve-se assintomático a despeito dos sinais de HIC. Recebeu alta em desmame de corticoide e uso de Albendazol para seguimento ambulatorial. Este caso evidencia a potencial gravidade da neurocisticercose racemosa, que pode denotar alta morbidade e mortalidade, haja vista sinais incipientes de herniação tonsilar devido a HIC. Vemos maior dificuldade em realizar o tratamento dessa apresentação da doença, pela baixa biodisponibilidade das drogas no alvo. Além disso, a indisponibilidade do Praziquantel pode ser um limitador no sucesso desta nova tentativa.

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