Brazilian Journal of Infectious Diseases (Jan 2022)

PULSOTERAPIA COM METILPREDNISOLONA NA SÍNDROME DE HIPERFERRITINEMIA DA COVID-19. RELATO DE DOIS CASOS

  • Jaques Sztajnbok,
  • Mariana Lanna Magalhães,
  • Nidyanara Francine Castanheira de Souza,
  • Murillo Crivillari,
  • Ceila M.S. Malaque

Journal volume & issue
Vol. 26
p. 102066

Abstract

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Introdução: Hiperferritinemia à admissão é reconhecida como determinante de desfecho desfavorável em COVID-19. Mas a ferritina plasmática é também um sensível biomarcador de grande utilidade na monitorização da atividade inflamatória nestes pacientes. Relato de caso: Apresentamos dois casos nos quais a monitorização contínua deste biomarcador permitiu a detecção de Sd. Hiperferritinêmica que responderam favoravelmente à pulsoterapia com metilprednisolona. Caso 1 - Paciente do sexo masculino, 28 anos, previamente hígido. Negava comorbidades. Internado em nosso serviço no sexto dia de sintomas da COVID-19, evoluindo para SRAG. Cursou ao longo dos dias com piora expressiva do padrão respiratório, sendo necessária a realização de intubação orotraqueal. Concomitantemente à deterioração respiratória, exames laboratoriais evidenciaram aumento abrupto de proteína C reativa e de ferritina. Suscitada a hipótese de síndrome hiperferritinêmica. Assim, optou-se pela instituição de pulsoterapia com Metilprednisolona 1g/dia EV por 05 dias. Paciente evoluiu com melhora do padrão respiratório e queda da ferritina, sendo extubado dez dias depois. Caso 2 - Paciente do sexo feminino, 49 anos. Apresentava sobrepeso e hipertensão arterial sistêmica. Internada no nosso serviço no sétimo dia de sintomas da COVID-19. Evoluiu para SRAG, realizada intubação orotraqueal de urgência. Ao longo da internação, cursou com múltiplas complicações como infecção de corrente sanguínea, candidemia, pneumonia associada à ventilação, insuficiência renal aguda, infecção intestinal por Schistosoma mansoni e Giardia lamblia e TRALI - lesão pulmonar aguda associada à transfusão. Além da deterioração clínica progressiva, apresentou aumento significativo dos níveis de ferritina, caracterizando uma síndrome hiperferritinêmica, o que motivou a instituição de pulsoterapia com Metilprednisolona 1g EV ao dia por três dias. Após quarenta e quatro dias em ventilação mecânica, foi possível a transição para nebulização em traqueostomia. Recebeu alta após cinquenta e sete dias de internação hospitalar, confortável em ar ambiente, com sequela de tremor de extremidades e marcha atáxica. Discussão: A partir desses dois relatos de casos, propomos uma discussão sobre a associação entre COVID-19 grave e síndrome hiperferritinêmica, com suas possíveis abordagens terapêuticas.