Brazilian Journal of Infectious Diseases (Sep 2022)

MENINGITE TUBERCULOSA EM PACIENTES INTERNADOS EM UM HOSPITAL DO NORDESTE DO BRASIL, NO PERÍODO DE 2010-2018

  • Lisandra Serra Damasceno,
  • Bruno do Carmo Tavares,
  • Nícolas Breno Gomes de Lima

Journal volume & issue
Vol. 26
p. 102569

Abstract

Read online

Introdução: Meningite tuberculosa (MTB) é uma das manifestações mais devastadoras de tuberculose extrapulmonar, e está associada a elevada morbidade e mortalidade. No Brasil, a tuberculose (TB) tem alta prevalência, especialmente em pessoas que vivem com HIV/Aids. O Brasil está entre os 30 países de alta carga para TB e TB-HIV considerados prioritários pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para o controle da doença no mundo. Objetivo: Avaliar a ocorrência de MTB em um hospital do Nordeste do Brasil. Método: Estudo de coorte retrospectivo, onde foram incluídos pacientes admitidos no Hospital São José, em Fortaleza/CE, com diagnóstico de MTB, no período de 2010-2018. Os dados foram obtidos através da revisão de prontuários. Óbito durante o internamento foi considerado o desfecho primário. Foram realizadas análises estatísticas utilizando um nível de significância de 5%. Resultados: No período de 2010 a 2018, 51 pacientes foram hospitalizados com MTB, entretanto, oito pacientes foram excluídos devido à falta de registros médicos. Portanto, foram incluídos 43 pacientes. A maioria era do sexo masculino (76.7%), e a mediana de idade de 37 anos [IIQ 29-44]. Coinfecção com HIV ocorreu em 65,1% dos pacientes. Os principais sintomas apresentados foram febre (95,3%) e cefaleia (86%). O tempo mediano de duração dos sintomas foi de 19,5 dias [IIQ 14-39]. Quanto aos achados na tomografia de crânio (n = 22), observamos que realce leptomenígeo (27,3%) e edema cerebral (27,3%) foram as alterações mais frequentes. Em relação aos parâmetros liquóricos, foi observado que altos níveis de proteínas foram mais associados em pacientes HIV positivos (p 0,05). Durante o seguimento clínico, mais dois pacientes HIV positivos evoluíram para o óbito e a taxa de abandono de tratamento da MTB foi de 36,7%. A letalidade foi de 34,8%. Conclusão: MTB é uma infecção neurológica grave, com alta mortalidade. Estratégias para diagnóstico precoce e seguimento clínico periódico podem melhorar a sobrevida, e diminuir a taxa de abandono de tratamento destes pacientes.