Opus (May 2016)
Forma musical como um processo: do isomorfismo ao heteromorfismo
Abstract
Este artigo se propõe a analisar a questão da forma musical a partir do momento em que temos, no início do século XX, uma ruptura com sua predeterminação, passando a se configurar como o resultado de diferentes operações ou processos de composição. Neste contexto, abordamos a noção de forma estatística, ligada ao isomorfismo e à continuidade entre as diferentes escalas temporais presentes numa obra musical (MEYER-EPPLER, 2009 [1954]; STOCKHAUSEN 1959; EIMERT, 1959) e ao princípio do grau de mudança (STOCKHAUSEN, 1989b [1958]; KOENIG, 1963, 1965), bem como a noção da forma como uma emergência, ligada ao heteromorfismo e à descontinuidade entre as diversas escalas temporais (VAGGIONE, 1994, 2010). Para tanto, trazemos como fundamentação teórica o método alagmático e o princípio da individuação das formas de Gilbert Simondon (2005), assim como as características morfológicas perceptivas de saliência (saillance) e pregnância (prégnance) de René Thom (1988, 1990a), além de sua teoria das catástrofes (THOM, 1985). No contexto proposto, a fusão de timbres é pensada como um processo alagmático gerador de novas formas, sendo analisada a partir de diferentes possibilidades tais como por jitter (DUBNOV; TISHBY; COHEN, 1997), síntese granular, permeabilidade (LIGETI, 2010a [1958]), micropolifonia (LIGETI, 2010c [1980]) e convolução (ERBE, 1997; JAFFE, 1987; ROADS, 1993; VAGGIONE, 1996). Concluímos a respeito dos processos de fusão analisados não apenas considerando-os isoladamente, mas como operações que propiciam o nascimento da forma musical, afirmando o pensamento da forma como um processo e não como algo definido a priori.
Keywords