Acta Médica Portuguesa (May 2019)

Necessidades de Cuidados e Recurso aos Serviços na Demência: Avaliação Inicial da Coorte Portuguesa no Estudo Actifcare

  • Manuel Gonçalves-Pereira,
  • Maria J. Marques,
  • Conceição Balsinha,
  • Alexandra Fernandes,
  • Ana Sá Machado,
  • Ana Verdelho,
  • Bernardo Barahona-Corrêa,
  • Helena Bárrios,
  • João Guimarães,
  • Joana Grave,
  • Luísa Alves,
  • Manuel Caldas de Almeida,
  • Teresa Alves Reis,
  • Martin Orrell,
  • Bob Woods,
  • Marjolein De Vugt,
  • Frans Verhey,
  • On behalf of Actifcare Consortium

DOI
https://doi.org/10.20344/amp.11136
Journal volume & issue
Vol. 32, no. 5
pp. 355 – 367

Abstract

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Introdução: As pessoas com demência e os seus familiares deveriam ter acesso atempado a cuidados formais na comunidade (centros de dia, apoio domiciliário). O projecto EU-Actifcare investigou o acesso/utilização destes serviços em países europeus. Descrevemos a implementação do estudo de coorte e a avaliação inicial em Portugal, com foco nas necessidades de cuidados e recurso aos serviços. Material e Métodos: Selecionámos uma amostra de conveniência de 66 pessoas com diagnóstico de demência ligeira a moderada (residindo na comunidade sem cuidados formais relevantes) e respetivos familiares-cuidadores. A avaliação (clínico-funcional e social) incluiu os instrumentos Camberwell Assessment of Need for the Elderly e Resource Utilization in Dementia. Resultados: Identificámos necessidades não-cobertas dos doentes (média 1,1; DP = 1,7), principalmente de companhia (23% dos casos), sofrimento psicológico (20%) e atividades diárias (14%). Os familiares-cuidadores dedicavam 150 minutos/dia (mediana) à prestação de cuidados e 44% apresentavam necessidades não-cobertas de sofrimento psicológico. Quando havia problemas de acesso/utilização dos serviços de saúde e sociais na comunidade, estes estavam frequentemente relacionados com recusa ou desconhecimento de utentes/familiares. Discussão: A seleção dos participantes não foi fácil, pela especificidade dos critérios adotados. Não almejando representatividade nacional, recrutámos uma amostra típica de pessoas em estádios ligeiros a moderados de demência, em serviços e regiões diferentes. Nalguns casos, encontrámos necessidades não-cobertas e repercussões familiares que já justificariam respostas de serviços na comunidade, não fossem os problemas de acesso/utilização. Conclusão: Na área das demências, existem dificuldades no acesso atempado e utilização efectiva de cuidados formais, coexistindo com uma cobertura menor de necessidades específicas.

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