Cadernos de Saúde Pública (Nov 2021)
Exame ocupacional periódico: oportunidade de diagnóstico e monitoramento de doença crônica não transmissível em homens
Abstract
Objetivou-se estimar a prevalência de hipertensão arterial, como principal marcador de doença crônica não transmissível (DCNT), e identificar os fatores modificáveis associados, em trabalhadores homens. Foram utilizados dados da linha de base de um estudo longitudinal com uma amostra de 1.024 trabalhadores homens com 18 anos ou mais de um município do Nordeste do Brasil. O marcador de DCNT foi a hipertensão arterial, definida por pressão arterial sistólica ≥ 140mmHg e/ou pressão arterial diastólica ≥ 90mmHg e/ou diagnóstico prévio de hipertensão arterial e/ou uso de medicamentos anti-hipertensivos. Empregou-se a regressão de Poisson com variância robusta, adotando a entrada hierárquica de variáveis. Foram calculadas frações atribuíveis populacionais (FAP) para as variáveis de estilo de vida, a fim de dimensionar o impacto dos fatores modificáveis na saúde dos trabalhadores. A prevalência da hipertensão arterial nesta população foi de 28,6% (IC95%: 25,9-31,5), os fatores distais: idade > 40 anos, cor da pele preta e renda familiar ≥ 3 salários mínimos; fatores intermediários: consumo abusivo de álcool, consumo de tabaco, percepção de um consumo elevado de sal e inatividade física e o fator proximal: sobrepeso e obesidade associaram-se positivamente com a hipertensão arterial. O cálculo da FAP permitiu observar que se ocorresse a redução ou eliminação de hábitos e comportamentos relacionados ao estilo de vida deste público, reduziria em 56,1% a prevalência da DCNT estudada. A identificação de fatores modificáveis e como estes podem interferir negativamente na saúde de trabalhadores homens possibilita o planejamento de intervenções no próprio local de trabalho, a fim de alcançar o maior número de indivíduos, visando reduzir os efeitos deletérios das DCNT.
Keywords