Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)
RELATO DE CASO: TÉCNICAS PARA A IDENTIFICAÇÃO DE ANTICORPO ANTI-CHIDO/RODGERS
Abstract
Introdução: O sistema Chido/Rodgers é composto por nove antígenos de alta prevalência na população que estão localizados no componente C4 do sistema complemento e são adsorvidos aos eritrócitos a partir do plasma. Os anticorpos anti-Ch e anti-Rg foram descritos pela primeira vez em 1967 e 1976, respectivamente, apresentando similaridades entre eles. Os anticorpos anti-Ch/Rg são em sua maioria IgG e, apesar de não serem considerados de importância clínica, eles se apresentam com padrões de reatividade fracos e podem ser variáveis, essa característica dificulta a sua identificação e/ou a identificação de anticorpos com significado clínico que podem estar presentes. Técnicas sorológicas complementares, como tratamento enzimático e teste de neutralização plasmático são importantes para a elucidação do caso e descartar a presença de possíveis alo anticorpos de importância clínica. Relato de caso: Paciente CBSB, 66 anos, sexo feminino, sem histórico de gestação e com histórico transfusional, diagnosticada com úlcera gástrica aguda com presença de hemorragia, com Hb 7,0 e Ht 23% e solicitação de 3 Concentrado de Hemácias (CH). A amostra da paciente foi encaminhada ao laboratório de Imuno-hematologia, a paciente foi fenotipada como O RhD+ R1R1 K-P1- Le(a-) Di(a-) S- Fy(a-), testes de antiglobulina direto e auto controle negativos, pesquisa e identificação de anticorpos apresentou pan-aglutinação com reatividade variável de weak (w), 1+ e 2+ na metodologia gel Liss/Coombs (Grifols e BioRad). Teste de prova de compatibilidade foi realizado com 5 amostras fenótipo ORhD+ R1R1 K- S- Fy(a-), todas apresentaram reatividade variável (1+ e 2+). Testes complementares de alo adsorção excluiu a presença de anticorpos adicionais, e o título do anticorpo 8. Ao realizar o tratamento com enzima papaína e alfa-quimiotripsina se apresentou sensível e resistente ao tratamento com DTT levando a suspeita de presença de anticorpos XG ou Ch/Rg, sendo assim foi realizado a neutralização plasmática com um pool de 6 plasmas de doadores AB, que apresentou resultado negativo levando a suspeita da presença de anti-Ch/Rg. Foi realizado a prova de compatibilidade em laboratório parceiro com hemácias Ch- e Rg- e o resultado foi negativo, confirmando então a presença de anticorpos anti-Ch/Rg. A paciente recebeu 3 CHs O RhD+ R1R1 K- S- Fy(a-) e não apresentou reações adversas a transfusão. Conclusão: Os anticorpos anti-Ch/Rg não apresentam significado clinico, porém devido a sua característica variável de reatividade, a sua identificação correta é de grande importância para descartar a presença de alo anticorpos. Técnicas complementares como uso de enzimas proteolíticas, alo adsorção e neutralização de plasma são essenciais para a elucidação dos casos e garantir assim uma transfusão segura.