Ephata (Sep 2019)
Per ritus et preces? Teologia e Ritual Studies
Abstract
Este artigo debruça-se sobre o problema do significado do rito, levando a sério a provocação de Frits Staal, segundo o qual, o rito é completamente desprovido de significação. O artigo parte de três traduções diferentes de uma expressão latina presente na constituição conciliar Sacrosanctum Concilium sugerindo que através dos ritos e orações se chega à inteligência do mistério da fé, ao contrário das traduções vernáculas que tendem a subordinar o rito ao mistério, a prática à teoria. Em termos linguísticos, o rito é considerado como um «significante», mas qual é a sua relação com o «significado»? Arbitrária, como considerou Saussure, ou necessária como propôs Benveniste? Mais radicalmente, será que o rito se caracteriza mesmo pela significação? Segundo Frits Staal, o rito deve ser considerado antes como sintaxe pura. As ciências humanas e sociais, contudo, parecem necessitar do pressuposto da significação. Por seu turno, a possibilidade de se considerar a liturgia como uma realidade autorreferencial já tinha sido antecipada por Guardini. Apesar disso, a perspetiva continua a constituir um desafio analítico tanto para as ciências humanas e sociais como para a teologia. Será possível que esta se desenvolva como uma gramática da fé a partir da sintática ritual, à semelhança da gramática generativa de Chomsky que inspira Staal? O artigo sustenta que tal é não somente possível, mas oportuno e necessário.
Keywords