Brazilian Journal of Infectious Diseases (Jan 2022)

ENDOCARDITE INFECCIOSA: ANÁLISE DE UMA COORTE DE PACIENTES EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DO RIO DE JANEIRO

  • Paula Hesselberg Damasco,
  • Luiza Silva de Sousa,
  • Victor Edgar Fiestas Solórzano,
  • Júlio César Delgado Correal,
  • Nicollas Garcia Rodrigues,
  • Ana Clara Mecenas Siebra,
  • Pablo Moura Lopes,
  • Angelo Antunes Salgado,
  • Bruno Reznik Wajsbrot,
  • Henrique Madureira da Rocha Coutinho,
  • Alfredo de Souza Bomfim,
  • Joaquim Henrique de Souza Aguiar Coutinho,
  • Paulo Vieira Damasco

Journal volume & issue
Vol. 26
p. 101722

Abstract

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Introdução: Endocardite infecciosa (EI) é uma enfermidade rara, com alta morbidade e letalidade. A lesão anatômica básica da patologia é a vegetação no endocárdio valvar. Por apresentar manejo clínico-cirúrgico complexo, preconiza-se uma equipe multiprofissional, visando melhorar o prognóstico. Apesar dos avanços epidemiológicos de EI em sociedades internacionais, ainda são escassos os estudos de coortes de EI no país, o que dificulta a criação de um guia de diagnóstico e tratamento nas sociedades brasileiras. Objetivos: Apresentar aspectos epidemiológicos, etiológicos e clínicos de pacientes com EI associados ao desfecho final da internação hospitalar de uma coorte do time de EI em um hospital universitário (HU) do Rio de Janeiro (RJ). Metodologia: Estudo observacional, prospectivo, de 2009 a 2021, coorte de 119 pacientes em um HU. O projeto foi desenvolvido num hospital de 600 leitos no RJ. As análises estatísticas foram realizadas no Software Stata 15.0 (StataCorp LP; College Station, TX, USA). A regressão de Poisson foi usada para estimar as tendências temporais na incidência e mortalidade de EI. A análise de sobrevivência foi realizada usando o método Kaplan-Meier e as curvas foram comparadas usando o teste de log-rank. Resultados: Foram incluídos nesta análise 113 casos de EI, excluindo-se 6 pacientes. No período de estudo, foram admitidos 146.828 pacientes no HU. A média de idade entre o grupo alta hospitalar e óbito foi 39 e 62 anos, respectivamente. A cardiopatia congênita se relacionou com o desfecho de alta hospitalar em 18% desta coorte (p = 0.02). Os pacientes com idade ≥ 60 anos (RR = 2.1; IC 95% 1.1-4.1), doença renal crônica (RR = 2.2; IC 95% 1.2-3.9) e bacteremia positiva para Enterococcus spp. (RR = 2.1; IC 95% 1.1-3.8) tiveram maior risco de mortalidade no estudo. A análise de sobrevivência demonstrou que a mortalidade em 30 dias foi menor nos pacientes com tratamento cirúrgico (p = 0.03). Evidenciamos uma tendência de redução da taxa de mortalidade da coorte, sendo de 6.0 por 1.000 pessoas-ano em 2010 para 3.6 por 1.000 pessoas-ano em 2020. Conclusão: A incidência de EI foi de 7,75 casos para cada 100.00 internações e a letalidade de 45,1%. Os pacientes com idade ≥ 60 anos, doença renal crônica e bacteremia positiva para Enterococcus spp. tiveram maior risco de mortalidade. Observamos uma tendência de queda na taxa de mortalidade anual por EI desde o início do projeto.