Arquivos de Gastroenterologia (Sep 2005)

Papel dos testes provocativos esofagianos na investigação de pacientes com dor torácica de origem indeterminada Role of esophageal provocative tests in the investigation of patients with chest pain of undetermined origin

  • Luiz J. Abrahão Jr.,
  • Eponina M.O. Lemme

DOI
https://doi.org/10.1590/S0004-28032005000300003
Journal volume & issue
Vol. 42, no. 3
pp. 139 – 145

Abstract

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RACIONAL: As dores de origem esofagiana e coronariana são bastante semelhantes do ponto de vista clínico, havendo necessidade de exclusão desta última, que ocasiona risco de morte. A investigação esofagiana tradicional de pacientes com dor torácica de origem indeterminada, envolve emprego de endoscopia digestiva alta, esofagomanometria e pHmetria esofagiana prolongada. Esses métodos, embora de grande importância diagnóstica, muitas vezes, revelam alterações, em sua maioria, potenciais para a origem da dor. Os testes provocativos de dor esofagiana, ao reproduzirem-na em laboratório, apontam com segurança a sua origem. OBJETIVOS: Determinar a positividade dos testes de perfusão ácida, do edrofônio e da distensão esofagiana com balão em pacientes com dor torácica de origem indeterminada, e correlacionar os resultados com os testes habitualmente empregados, estabelecendo o ganho no diagnóstico da dor esofagiana comprovada. RESULTADOS: Estudaram-se 40 pacientes com dor torácica de origem indeterminada (angiografia coronária normal), sendo 80% do sexo feminino e média de idade de 54 anos. A endoscopia digestiva alta revelou esofagite erosiva em dois pacientes (5%) e úlcera péptica em um (2,4%); a esofagomanometria foi anormal em 60%; a pHmetria prolongada foi anormal em 14 (35%), com índice de sintomas positivo em 7. A dor foi considerada de origem esofagiana comprovada (índice de sintomas positivo à pHmetria) em 7 (17,5%) pacientes e 19 (47,5%) com origem esofagiana provável (8 por doença do refluxo gastroesofágico e 11 por distúrbios motores). Em 14 (35%) a origem da dor não foi demonstrada. O teste de Bernstein foi positivo em 10 (25%), o teste do edrofônio em 8 (20%) e o teste do balão em 15 (37,5%), sendo que 23 pacientes apresentaram, pelo menos, um teste provocativo positivo (57,5%). Com a adição dos testes provocativos foi possível apontar a dor como de origem esofagiana comprovada em 12 dos 19 pacientes (63,1%) em que a dor era provável e em 6 dos 14 pacientes (42,8%) com exames habitualmente empregados normais ou inconclusivos [ganho diagnóstico de 45% (18/40)]. Dois pacientes com testes provocativos negativos apresentaram o índice de sintomas positivo à pHmetria, totalizando 25 (62,5%) pacientes com dor esofagiana comprovada. CONCLUSÃO: Os testes provocativos permitiram apontar a dor como de origem esofagiana comprovada em 62,5% dos casos, o que representou um ganho diagnóstico de 45% quando comparados aos exames habitualmente empregados, constituindo ferramenta importante na investigação de pacientes com dor torácica de origem indeterminada.BACKGROUND: Traditional methods employed in esophageal investigation of patients with chest pain of undetermined origin includes upper endoscopy, esophageal manometry and pH monitoring. These methods many times disclose abnormalities that can only be enrolled as the possible cause of chest pain. Provocative tests can reproduce pain in the laboratory, establishing its esophageal origin. OBJECTIVES: Determine the positivity of acid perfusion test, edrophonium and balloon distension in patients with chest pain of undetermined origin and compare with results of traditional exams, establishing the gain for the diagnosis of esophageal pain. RESULTS: Forty patients with chest pain of undetermined origin (normal coronary angiography), 80% female, mean age of 54.7 years were submitted to traditional exams and provocative tests. Upper endoscopy disclosed erosive esophagitis in two (5%) and peptic ulcer in one (2.5%), esophageal manometry was abnormal in 60%. pH monitoring was abnormal in 14 (35%) with a positive symptom index in 7. Chest pain was considered of proved esophageal origin by traditional exams in 7 (17.5%) patients with a positive symptom index and of probable esophageal origin in 19 (47.5%) being 8 with gastroesophageal reflux disease and 11 abnormal esophageal motility. In 14 (35%) an esophageal origin could not be demonstrated. The acid perfusion test was positive in 10 (25%), edrophonium test in 8 (20%) and balloon distension test in 15 (37.5%) and at least one provocative test was positive in 23 (57.5%) patients. The introduction of provocative tests allowed the diagnosis of proved esophageal pain in 12 of 19 (63.1%) patients with probable esophageal pain and in 6 of 14 (42.8%) with normal or inconclusive traditional exams what represented a diagnostic gain of 45% (18/40). Two patients had negative provocative tests and a positive symptom index, making a total of 25 (62.5%) patients with proved esophageal pain.

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