ESTUDO INTEGRADO DA HEPATITE E EM SALVADOR-BA

Abstract

Introdução/Objetivo: A hepatite E é uma doença negligenciada no Brasil. O HEV pode ser transmitido pela via fecal-oral, sanguínea e zoonótica a partir principalmente de suínos, e pode ocasionar doença crônica em pacientes imunocomprometidos. O objetivo deste estudo é determinar a soroprevalência e a prevalência de infecção do HEV em Salvador-BA em diferentes populações: (1) candidatos à doação de sangue, (2) pacientes imunocomprometidos e (3) criadores de suínos. Métodos: O desenho do estudo é de corte transversal. Os candidatos à doação de sangue foram recrutados na Fundação HEMOBA, os pacientes imunocomprometidos (pacientes transplantados, pacientes com doença inflamatória intestinal e pacientes com infecção pelo HIV) no Complexo Hospitalar Universitário Professor Edgar Santos (HUPES) e no Hospital São Rafael (HSR) e os criadores de suínos registrados na Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (ADAB). Os dados foram coletados através de entrevistas e revisão do prontuário médico, e uma amostra de sangue foi coletada para a pesquisa dos anticorpos anti-HEV IgG e IgM (Wantai), dosagem das transaminases séricas AST e ALT (Wiener lab) e detecção do HEV RNA. Nos casos com viremia confirmada, o HEV RNA será sequenciado para análise filogenética dos isolados virais humanos e dos suínos. Resultados: Dados preliminares foram analisados dos 279 candidatos a doação de sangue e 35 transplantados de medula óssea (TMO) recrutados até o momento. A maioria dos candidatos a doação de sangue e pacientes TMO foram do sexo masculino (53% e 66%, respectivamente), sendo que a idade média dos candidatos a doação (32,6 anos) foi inferior a dos pacientes TMO (41,9 anos), enquanto o nível de escolaridade foi mais alto (ensino médio completo/superior incompleto ou completo, 93% e 53%, respectivamente). A taxa de inaptidão para doação de sangue foi de 19%, sendo que neste grupo houve um predomínio de pessoas do sexo feminino. Do total de participantes a soroprevalência estimada para o anti-HEV IgG 12,3% (10/81) nos candidatos a doação de sangue e 3% (1/30) nos pacientes TMO. Nenhuma amostra testada foi soropositiva para anti-HEV IgM. Conclusão: Apesar dos dados ainda serem preliminares, alguns participantes já foram expostos ao HEV. Na perspectiva de uma Saúde Única, este estudo pretende contribuir sobre o conhecimento da saúde humana, da saúde animal, do ambiente e apontar para a adoção de políticas públicas efetivas para prevenção e controle da hepatite E.