Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

PERFIL SOROLÓGICO DE DOADORES DE SANGUE DE UM SERVIÇO DE HEMOTERAPIA NO RIO DE JANEIRO ANTES E DURANTE A PANDEMIA COVID-19

  • VS Sandes,
  • AM Alexandre,
  • RS Rodrigues,
  • MGV Teixeira,
  • RZ Hensel,
  • IJF Motta

Journal volume & issue
Vol. 45
p. S818

Abstract

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Introdução/objetivos: A Pandemia da COVID-19 obrigou o mundo a se adaptar e causou uma redução no número de doadores. Fatores como medo de exposição a algum risco; critérios de triagem clínica mais rigorosos; e maior período de inaptidão por contato com casos suspeitos ou confirmados estão entre as causas identificadas. Mesmo no período pós pandemia, a crise nos bancos de sangue devido ao baixo número de doadores ainda é grande. Conhecer as mudanças nos perfis e buscar estratégias para manter um estoque de hemocomponentes adequado se tornou vital. O objetivo desse trabalho foi avaliar os resultados da triagem sorológica dos doadores de sangue de um Serviço de Hemoterapia no Rio de Janeiro/RJ antes e durante a pandemia COVID-19 e identificar possíveis mudanças no perfil. Materiais e métodos: Foi realizado um estudo observacional, descritivo, retrospectivo a partir dos dados das doações recebidas, divididas em dois grupos: 1) Pré-pandemia: 16/03/2019 a 15/03/2020; 2) Durante a pandemia: 16/03/2020 a 15/03/2021. Foram incluídas todas as doações realizadas no período selecionado, inclusive as descartadas por baixo volume e excluídas doações para as quais não foram realizados os testes sorológicos por qualquer motivo. Os dados foram coletados a partir de sistema informatizado Hemote Plus® e analisados em planilha eletrônica Microsoft Excel® com base nas ferramentas da estatística descritiva. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa. Resultados: No grupo 1 foram incluídas 11.821 doações com 502 descartes (4,25%) por sorologia reativa. No grupo 2 foram 9.737 com 445 descartes (4,57%), um aumento de 0,32%. Os percentuais de reatividade, por marcador, nos grupos 1 e 2 foram, respectivamente: Chagas 0,22 e 0,25 (0,03%); Anti-HBc 1,28 e 1,51 (0,23%); HBsAg 0,14 e 0,17 (0,04%); HCV 0,55 e 0,50 (0,05%); HIV 1/2 0,44 e 0,33 (0,11%); HTLV I/II 0,10 e 0,18 (0,08%); Sífilis 1,97 e 2,18 (0,21%). Discussão: Os resultados mostram um aumento do número de descartes em 0,32% no período da pandemia o que, junto com a redução de 17,6% dos doadores, contribuiu para a escassez de hemocomponentes. Este dado está em concordância com trabalho realizado na Índia3que encontrou um aumento na soroprevalência de 0,48% e redução de doadores de 60,6%. Um estudo colombiano (2023), constatou a mudança no perfil dos doadores durante a pandemia e os resultados deles diferem dos encontrados no presente estudo com aumento para HIV e HTLV e redução dos marcadores de hepatite B (HBsAG e anti-HBc) e se assemelha na redução do HCV. Outro estudo indiano (2023)3 demonstrou aumento para HIV, HCV, HBsAg, e sífilis concordando nos dois últimos parâmetros com os resultados apresentados. As diferenças entre as taxas de reatividade encontradas na literatura são influenciadas por fatores como a epidemiologia de cada país. Ademais, não é possível descartar o aumento de reações falsamente positivas, por se tratar de resultados avaliados a partir de testes de triagem e o aumento do número de infecções virais e vacinação podem causar esse tipo de reação. Conclusão: A crise nos estoques dos bancos de sangue foi agravada pelo aumento da taxa retenção no período da pandemia e são necessários mais estudos para quantificar a influência de reações falsamente positivas no aumento das retenções encontradas, avaliando também o período pós-pandemia.