Jornal de Assistência Farmacêutica e Farmacoeconomia (Oct 2022)

Custo-efetividade de Alentuzumabe vs. Natalizumabe no tratamento de terceira linha da esclerose múltipla remitente recorrente para a saúde suplementar no Brasil

  • Jessica Nacazume,
  • Henrique Cavalcanti,
  • Guilherme Julian,
  • André F. Ballalai,
  • Erico Carmo,
  • Priscila Bueno,
  • Roberta Monteiro

DOI
https://doi.org/10.22563/2525-7323.2018.v3.n4.p.16-28
Journal volume & issue
Vol. 3, no. 4

Abstract

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Objetivo: A esclerose múltipla é uma doença crônica, inflamatória e degenerativa do sistema nervoso central que afeta aproximadamente 2,5 milhões de pessoas no mundo. Cerca de 80% dos casos são classificados no fenótipo ‘remitente recorrente’ (EMRR). Avaliou-se, sob a perspectiva de pagador na saúde suplementar no Brasil, a relação de custo-efetividade do tratamento com alentuzumabe em pacientes de EMRR em 3a linha de tratamento versus natalizumabe, único tratamento disponibilizado na saúde suplementar atualmente. Método: Com auxílio de modelo de Markov, simulou-se, no horizonte temporal de 30 anos, uma coorte de mil pacientes, com parâmetros demográficos baseados em dados do sistema público de saúde do Brasil. Em cada ciclo anual, os pacientes poderiam transitar entre diferentes estados de saúde, mensurados através do escore na Escala Expandida de Estado de Incapacidade (EDSS), além de experienciar surtos e progressão para o tipo secundariamente progressivo. A distribuição da população inicial da coorte por nível de EDSS baseou-se no estudo clínico CARE MS II. Os parâmetros de eficácia relacionados à progressão de incapacidade e taxa de surtos foram selecionados de metanálise de rede, assim como taxas de descontinuação e retratamento, parâmetros de utilidade, segurança e custos da doença foram obtidos de ensaios clínicos e estudos publicados. Custos por dose e administração foram retirados de tabelas de preço oficiais. Resultados: Demonstra-se que alentuzumabe é dominante, acumulando mais QALYs (6.752) por um custo total de tratamento menor (R$ 377,9 milhões) em relação ao natalizumabe (5.652; R$ 432,9 milhões). O tratamento com alentuzumabe apresenta vantagens quanto à eficácia no longo-prazo e efetividade na redução da ocorrência de surtos e hospitalizações. A incerteza paramétrica do modelo foi analisada através de análises de sensibilidade determinística e probabilística. A análise de sensibilidade corrobora os resultados pois, mesmo com a variação de parâmetros-alvo de incerteza, o alentuzumabe ainda possui 97,8% de probabilidade de ser custo-efetivo versus o natalizumabe, considerando o limiar de 3 PIB per capita. Conclusão: Alentuzumabe é uma nova terapia custo-efetiva, provando ser alternativa economicamente viável. Análises de custo-efetividade como esta são importantes para otimizar a tomada de decisões de gestores do sistema de saúde, tanto públicos como privados.

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