Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial (Jan 2003)
Importância da aplicação de critérios morfológicos não-clássicos para o diagnóstico citológico de papilomavírus humano
Abstract
Existe atualmente grande preocupação com a melhoria no diagnóstico citológico de HPV através da introdução de critérios não-clássicos para o seu diagnóstico, tendo em vista a elevada freqüência da infecção viral, bem como o seu potencial carcinogênico. O presente trabalho objetivou uma releitura de 65 casos positivos para HPV por captura híbrida (cujos critérios inicialmente utilizados foram apenas os clássicos), e a introdução dos critérios não-clássicos. Os critérios citológicos mais observados foram os não-clássicos, sendo bi ou multinucleação o mais freqüente, com n = 39 (60%), seguido de halo perinuclear, com n = 37 (56,9%) e disceratose leve e núcleo hipercromático, ambos com n = 32 (49,2%). Para NIC I predominou a disceratose, com n = 20 (100%); para inflamação, disceratose leve, com n = 35 (87,5%) e para Ascus e Agus, halo perinuclear, núcleo hipercromático, células gigantes e bi ou multinucleação, todos com n = 4 (100%). Todos os 20 casos de NIC I, dez dos 40 casos de inflamação e todos os casos de Ascus (n = 1) e Agus (n = 3) foram considerados positivos para HPV com a utilização de critérios não-clássicos, passando a 52,3% dos casos positivos pela captura híbrida a apresentarem a infecção viral pela citologia, em detrimento de 23,1% só com os critérios clássicos. Um número razoável de amostras diagnosticadas inicialmente como inflamatórias passaram a apresentar a infecção viral, podendo representar a variedade subclínica do vírus, para a qual o diagnóstico molecular apresentou-se como melhor metodologia. A utilização de critérios não-clássicos de HPV pela citologia parece muito importante para maximizar a eficiência diagnóstica.