Revista de Estudos Literários (Jul 2017)

BRANDOS, SUAVES… E SATÍRICOS. BUCOLISMO E SÁTIRA EM DIOGO BERNARDES

  • Maria do Céu Fraga

DOI
https://doi.org/10.14195/2183-847X_7_4
Journal volume & issue
Vol. 7

Abstract

Read online

Neste estudo parte-se da conceptualização que toma o satírico como modo literário, passível, portanto, de dominar um texto ou de nele se manifestar em interacção com outros modos, aceitando ou rejeitando as expectativas abertas pela tradição. Neste sentido, a subtileza expressiva com que se embrenha em textos de géneros pautados por convenções que não tornariam previsível a sua presença pode constituir um factor importante a determinar a sua eficácia. Particularizando, estuda-se a forma como se infiltra a sátira no lirismo e na obra bucólica de Diogo Bernardes, poeta quinhentista repetida e paradigmaticamente caracterizado pela brandura e suavidade dos seus versos. Tomando como contraponto as cartas, analisa-se nas éclogas de O Lima a exploração de convenções que permitem o tratamento satírico de algumas situações e acontecimentos do mundo empírico, e vê-se que os pastores de Diogo Bernardes se tornam observadores e críticos autorizados do mundo que abandonaram. No entanto, sendo certo que dirigem a sua sátira de forma bem mais directa e impetuosa do que o faz o próprio autor no seu epistolário, estes pastores não deixam de entoar os versos “brandos” e “suaves” característicos da poesia bucólica em geral, e da obra de Diogo Bernardes em particular.

Keywords